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INTRODUÇÃO AO BUDISMO de vários autores e mestres budistas por Karma Tenpa Darghye. No quadro convencional e mundano de referencia, os objetos da experiência são o resultado de causas e condições particulares. Dizer que eles simplesmente não estão lá é negar algo relativamente verdadeiro. Dizer que os fenômenos "não estão lá" é um absurdo, porque nós os experimentamos. Não podem ser totalmente inexistentes. Mas, de conformidade com o ponto de vista budista, todos estes fenômenos ocorrem de modo relativo, condicionado, baseados em condições prevalecentes. A Escola Theravada (ou Ortodoxa) sustenta que nossa experiência é baseada na produção condicionada de compostos. Estes compostos, por serem assim, são meras designações desprovidas de qualquer realidade intrínseca. São resultantes de elementos extremamente pequenos (ou partículas analisáveis, as mais diminutas possíveis) e unidades de tempo (ou momentos analisáveis, os mais diminutos possíveis). De acordo com este enfoque ortodoxo, que reflete uma visão incompleta com relação a Vacuidade, todos os objetos cognoscíveis são construídos com o auxílio de condições apropriadas, a partir dessas partículas e momentos reais. A Escola Vijnanavada (da Tradição Mahayana) sustenta que toda experiência é uma projeção da mente ocorrendo como resultado de carma anterior. Devido ao amadurecimento de "sementes cármicas", projetamos nosso mundo, o qual funciona de conformidade com a maneira pela qual foi projetado, mas é vazio de realidade intrínseca, relativa a si próprio. A "mente projetante", contudo, é considerada real pela Escola Vijnanavada. Ambos os enfoques negam que as coisas sejam o que parecem ser. Reconhecendo que o mundo não é completamente real, eles se aproximam de uma espécie de Vacuidade. Mas, ao atribuírem existência verdadeira ora as partículas e tempo, ora a mente projetante, postulam uma alternativa inerentemente real ao modo ilusório de surgimento dos fenômenos; apegando-se, assim, a falsa noção de alguma espécie de natureza-própria. Pelo enfoque da Escola da Visão do Caminho do Meio, a Escola Madhyamaka, não há qualquer apego a qualquer concepção de natureza absoluta, essencial. Em nenhuma experiência dos agregados há algo verdadeiramente real. Se examinarmos a natureza básica da realidade, não encontraremos nada que constitua a sua essência, mas isto não implica num mero vazio. A falta de uma realidade palpável, não obstante, permite a expressão contínua de todos os tipos de experiências. Ao investigarmos a Natureza Última, descobrimos que não há qualquer característica fundamental, realidade essencial, palpável, ou qualquer realidade verdadeira, absoluta, o que significa que todas as coisas são "vazias". No entanto, a Vacuidade não é distinguível da aparência dos fenômenos que experimentamos. Os fenômenos não são separáveis da Natureza Fundamental e, assim, nossa experiência básica do mundo é, na verdade, tão somente a "Vacuidade Fundamental", ou a falta de Realidade Última de todas as coisas. Desta forma, a "Verdade Convencional" (sobre o modo como as aparências e experiências funcionam) e a "Verdade Última" (sobre a natureza fundamentalmente vazia e sem realidade constatável nas coisas) são inseparáveis, não são duas coisas diferentes, mas um todo integrado. (Os fenômenos são o vazio, o vazio são os fenômenos; o vazio e os fenômenos se interpenetram). Este é o ponto de vista básico da Escola Madhyamaka conforme explicado pelo Sábio Nagarjuna e é a descrição do verdadeiro ponto de vista de um Iluminado sobre a Realidade. Há várias maneiras de se alcançar este ponto de vista: atingindo-o por estágios, entendendo-o todo de uma só vez, reconhecendo-o por meio de metáforas, etc. Meramente descrevi aqui, em termos gerais, qual é a natureza deste ponto de vista. PORTA ABERTA PARA A VACUIDADE – Kenchen Thrangu Rinpoche |