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INTRODUÇÃO AO DZOGCHEN
Uma visão do Dzogchen através dos textos
Este é um trabalho de seleção e ordenação de textos
de vários autores e mestres dzogchen por
Karma Tenpa Darghye.

Namkhaï Norbu Rinpoche

Extrato dos ensinamentos dados durante o retiro de Marcevol, maio 1989, publicados no livro: "DHARMA la voie du Boudha - Mahamudra-Dzogchen"

Tradução para o português: Karma Tenpa Dhargye

O famoso mestre Dzogchen N. Norbu Rinpoche expõe aqui um breve resumo da visão essencial da grande perfeição situando-a com relação à via tântrica. Na aproximação tântrica trata-se de transformar ou de transmutar a base em fruto pelas práticas do caminho, enquanto que no Dzogchen essencial semelhante à um espelho está em questão uma liberação onde base, caminho e fruto não são diferenciados.

O ensinamento do Dzog-Chen é um ensinamento principalmente ligado ao nível da mente, uma maneira mais direta de obter o conhecimento. Em geral, dizemos o ensinamento do estado da mente de Samantabhadra. Na tradição Nyingmapa, o verdadeiro ensinamento do Dzog-chen é chamado Ati-yoga. Há uma diferença entre a Anu-yoga, cujo objetivo final é chamado Dzog-Chen e o Dzog-Chen da auto-liberação. Na auto-liberação, desde o início, a via, a base e o fruto, a realização, tudo é Dzog-Chen. Na linguagem de Oddiyana, isso se chama Ati-yoga. Ati significa primordial, a compreensão ou a natureza primordial. Chamamos também a via da auto-liberação. A via da auto-liberação não é nem a via da transformação nem a via da renúncia. Então é preciso saber o que significa auto-liberação.

Em geral temos uma idéia do bem e do mal; todas as nossas noções do bem e do mal e toda nossa visão dualista, consideramos que é nossa visão relativa ou visão impura. No tantrismo dizemos que transformamos a visão impura em visão pura. Temos então agora uma idéia de duas visões. Isso significa que alguma coisa não é válida. A visão impura é o samsara e o samsara não é válido para nos encontrar no estado de contemplação: por esta razão o transformamos. Mas no Dzog-Chen dizemos Kun tu Bzangpo (em sânscrito Samantabhadra). Kun tu significa "todas as circunstâncias diferentes" e Bzangpo "bom". Porque? Que quer dizer bom? Isso não tem nada a ver com as noções de bom e mau da visão dualista, mas quando estamos em estado de contemplação, o estado de Dzog-Chen não existe nada de falso, de mau, nada a rejeitar, a que devamos renunciar ou então a transformar. Não há nada que não seja válido na contemplação. É o princípio que chamamos "Bzangpo" bom. É igualmente o estado de Dzog-Chen.

Podemos aprender pelo exemplo do espelho. Quando olhamos em um espelho podemos ver nosso próprio reflexo bem como o dos objetos que estão em frente ao espelho. Nesse momento quando consideramos que estamos a ponto de olhar no espelho, somos uma pessoa/sujeito e o espelho é o objeto e pensamos então: "Eu olho, há um reflexo": é a nossa condição de visão dualista. Neste caso aqui temos sempre a noção de bem e de mal. Mesmo que saibamos que o reflexo no espelho não é real, pensamos sempre que o objeto refletido é concreto para nós. Então nossa compreensão do fato que o reflexo no espelho é irreal não é senão uma compreensão intelectual. De toda maneira, temos sempre o apego, as tensões, os problemas, os conceitos, etc... e essa é nossa condição habitual. Mas se tivermos o conhecimento de nossa condição real, isso que chamamos Ati-yoga, através desta compreensão nos tornamos nós mesmos a natureza do espelho: não olhamos mais no espelho mas somos o espelho. Se formos o espelho tudo o que se reflete, bem ou mal, faz parte de nossa qualificação; isso que chamamos espelho tem a qualificação ou a potencialidade de refletir diferentes coisas, senão não seria um espelho.

Então se formos o espelho, se estivermos no estado do espelho, temos esta qualificação e manifestamos os reflexos. Todas as existências os corpos, as vozes, as mentes, os pensamentos as confusões, as paixões, tudo é semelhante aos reflexos, faz parte dos reflexos. Então se estivermos verdadeiramente no estado do espelho, todas as coisas não nos causarão nenhum problema, porque os reflexos não podem jamais condicionar a natureza do espelho e um espelho não tem jamais nenhum problema com os reflexos, ele não pergunta se um reflexo é bom ou mau, ele tem a qualificação de os manifestar e isso é tudo. Pois se estamos verdadeiramente no estado do espelho, o que significa que temos o conhecimento desta natureza, não há nada de ruim, é isso que chamamos auto-liberação: podemos auto-liberar qualquer coisa nesta natureza que é a nossa.




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