shunya | meditação | mestres | textos | zen | dzogchen | links |
Samsara, Nirvana = Sunyata: o Caminho do Meio A escola de Madhyamika tem sua origem em Nagarjuna, o brilhante filósofo e formidável dialético que floresceu no início segundo século D.C. Tomando a defesa de Buda do Caminho do Meio entre os extremos prejudiciais, entre a ávida indulgência e o austero ascetismo, e entre a estéril intelectualização e o sufocante torpor mental, Nagarjuna desenvolveu uma lógica dialética rigorosa com a qual ele reduziu todos os pontos de vista filosóficos a um conjunto explosivo de contradições. Esta não se dirigiu para a posição fechada do ceticismo, como as menos vigorosamente criadas filosofias pré-Socráticas fizeram, mas sim para o iludido ponto de vista de que nem existência nem não existência podem ser afirmadas sobre o mundo e de tudo que existe nele. O Madhyamika, então, recusou-se a afirmar ou negar qualquer proposição filosófica. Nagarjuna procurou liberar a mente de suas propensões para agarrar ou para arrumar inteligentes formulações da verdade, porque qualquer verdade sem Sunyata, o vazio da realidade, é inerentemente enganosa. As verdades relativas não são como pedaços de um quebra-cabeça, cada um incrementalmente adicionada ao projeto completo. Elas são distorções plausíveis da verdade e podem enganar seriamente o aspirante. Elas não podem ser ligeiramente ou completamente repudiadas, porém, elas são tudo que o investigador tem, e então ele deve aprender a usá-las como ajuda ainda lembrando-se que elas não sejam nem precisas nem completas em si mesmas. No quinto século duas visões do trabalho de Nagarjuna emergiram. Os seguidores de Bhavaviveka consideraram que a filosofia Madhyamika tinha um conteúdo positivo, ainda que aqueles que subscreveram para interpretação mais severa de Buddhapalita diziam que todo ponto de vista, inclusive seu próprio, podia ser reduzido a absurdidade, que só o fato, muito mais que qualquer doutrina afirmada positivamente, podia levar a percepção intuitiva (prajna) e a Iluminação. A defesa notável de Chandrakirti deste posterior ponto de vista influenciou profundamente tradições de budistas tibetanos como também aquelas escolas de pensamento que eventualmente culminaram no Zen no Japão. A dialética de Nagarjuna revelou o Sunya ou vazio de todo o discurso, pensamentos mundano e suas categorias proliferadas. Para o Madhyamikas: Tudo que pode ser conceitualizado é então relativo, e tudo que é relativo é Sunya, vazio. Uma vez que a verdade absoluta inconcebível é também Sunya, Sunyata ou a vazia ela é compartilhada tanto pleo Samsara como pelo Nirvana. Em última instância, o Nirvana verdadeiramente realizado é o Samsara corretamente compreendido. O Bodhisattva completamente realizado, o Buda iluminado que renuncia a proteção do Dharmakaya para permanecer ao serviço dos seres que sofrem, reconhece esta radical equivalência transcendental. O Arhat e o Pratyekabuddha, que olham para sua própria redenção e realização, são elevados além de qualquer descrição convencional, mas todavia não perceberam completamente ou encarnaram livremente esta verdade mais elevada. Deste modo para o Madhyamikas, o ideal do Bodhisattva é a sabedoria suprema, mostrando a desqualificada unidade da desaferrada metafísica e da ética transcendente, teoria e praxis, no nível mais alto concebível. O pensamento Madhyamika enraizado por si mesmo na notável coleção de Sutras Mahayana conhecidos como a literatura Prajnaparamita (ou perfeição da sabedoria). Estes sutras, dos cem mil versos de Shatasahasrika Prajnaparamita para o conciso Sutra do Coração e o pequeno Vajrachchedika (literalmente, 'Cortador de Diamante', mas chamado comumente Sutra do Diamante), compartilham os mesmos temas habilmente expostos em diferentes tamnahos. De acordo com estes sutras, todo os dharmas ou elementos da existência são Sunyata ou vazio. Embora muitos tenham horror ao vazio, como é demonstrado pelo medo instintivo da escuridão e do desconhecido, isto surge de um engano básico de Sunyata. Ele é realidade invariável, imortal, não qualificavel. Se entendemos Sunyata-sunyata, o Vazio do vazio, reconhecemos que ele não é qualquer 'coisa' que possamos conhecer ou imaginar. Sendo verdadeiramente desconhecido, não existe nenhuma razão suficiente para temê-lo. Em lugar de entretenimento vago, mal concebidas e confusas imagens do imaginável, fariamos melhor praticando as paramitas, as virtudes dinâmicas do Nobre Caminho de Óctuplo principal para a glória inestimável que o mundo ignorante chama Sunyata somente porque está além de seu alcance. O Bodhisattva, porém, vê a plenitude daquele Vazio como também o vazio do mundo fenomenal, e então ele trabalha com alegria para a redenção daqueles que sofrem de miserável ignorância. Como um assunto de interesse, o acima mencionado Sutra do Diamante é o mesmo sutra que o Sexto Patriarca do Zen chinês, Hui-neng (638-713),e fala de como um jovem menino não tendo feito nada além de escutar uma estrofe dele foi Iluminado para a Verdade dos mestres de forma inesperada. Embora alguns digam que Nagarjuna, que teria vivido no período da Dinastia Han, tenha visitado a China, esta evidência é escassa. Kumarajiva (344-413) que chegou na China bem depois da Dinastia Han, começou seus projetos de tradução ao redor 385-401. Ele é considerado a figura chave na introdução de ensinos da Nagarjuna na China. Samsara, Nirvana = Sunyata: the Middle Way The Madhyamika school traces its origin to Nagarjuna, the brilliant philosopher and formidable dialectician who flourished in the late second century A.D. Taking Buddha's advocacy of the Middle Way between harmful extremes, between avid indulgence and austere asceticism, and between sterile intellectualization and suffocating mental torpor, Nagarjuna developed a rigorous dialectical logic by which he reduced every philosophical standpoint to an explosive set of contradictions. This did not lead to the closure of scepticism, as the less vigorously pursued pre-Socratic philosophies did, but rather to the elusive standpoint that neither existence nor non-existence can be asserted of the world and of everything in it. The Madhyamikas, therefore, refused to affirm or deny any philosophical proposition. Nagarjuna sought to liberate the mind from its tendencies to cling to tidy or clever formulations of truth, because any truth short of Sunyata, the voidness of reality, is inherently misleading. Relative truths are not like pieces of a puzzle, each of which incrementally adds to the complete design. They are plausible distortions of the truth and can seriously mislead the aspirant. They cannot be lightly or wholly repudiated, however, for they are all the seeker has, and so he must learn to use them as aids whilst remembering that they are neither accurate nor complete in themselves. By the fifth century two views of Nagarjuna's work had emerged. The followers of Bhavaviveka thought that Madhyamika philosophy had a positive content, whilst those who subscribed to Buddhapalita's more severe interpretation said that every standpoint, including their own, could be reduced to absurdity, which fact alone, far more than any positively asserted doctrine, could lead to intuitive insight (prajna) and Enlightenment. Chandrakirti's remarkable defence of this latter standpoint deeply influenced Tibetan Buddhist traditions as well as those schools of thought that eventually culminated in Japan in Zen. Nagarjuna's dialectic revealed the Sunya or emptiness of all discursive, worldly thought and its proliferating categories. For the Madhyamikas: Whatever can be conceptualized is therefore relative, and whatever is relative is Sunya, empty. Since absolute inconceivable truth is also Sunya, Sunyata or the void is shared by both Samsara and Nirvana. Ultimately, Nirvana truly realized is Samsara properly understood. The fully realized Bodhisattva, the enlightened Buddha who renounces the Dharmakaya vesture to remain at the service of suffering beings, recognizes this radical transcendental equivalence. The Arhat and the Pratyekabuddha, who look to their own redemption and realization, are elevated beyond any conventional description, but nonetheless do not fully realize or freely embody this highest truth. Thus for the Madhyamikas, the Bodhisattva ideal is the supreme wisdom, showing the unqualified unity of unfettered metaphysics and transcendent ethics, theoria and praxis, at the highest conceivable level. Madhyamika thought rooted itself in the remarkable collection of Mahayana sutras known as the Prajnaparamita (or perfection of wisdom) literature. These sutras, from the one hundred thousand verses of Shatasahasrika Prajnaparamita to the terse Heart Sutra and the short Vajrachchedika (literally, 'Diamond Cutter', but commonly called Diamond Sutra), share the same themes skilfully expounded at different lengths. According to these sutras, all dharmas or elements of existence are Sunyata or void. Although many human beings are terrified of voidness, as is shown by the instinctive dread of the dark and the unknown, this arises from a basic misunderstanding of Sunyata. It is unchanging, deathless, unqualified reality. If one understands Sunyata-sunyata, the Voidness of the Void, one recognizes that it is not any 'nothing' one knows or can imagine. Being truly unknown, there is no sufficient reason to dread it. Rather than entertain vague, ill-conceived and inchoate images of the imageless, one would do better to practise the paramitas, the dynamic virtues of the Noble Eightfold Path leading to the inestimable glory which the ignorant world calls Sunyata solely because it is beyond its ken. The Bodhisattva, however, sees the plenitude of that Void as well as the emptiness of the phenomenal world, and so he labours in joy for the redemption of those who suffer from abject ignorance. As a matter of interest, the above mentioned 'Diamond Cutter Sutra' is the same sutra that the Sixth Patriarch of Chinese Zen, Hui-neng (638-713), did nothing but just overhear a stanza from as a young boy and was Enlightened to the Truth of the masters basically out of the blue. There are some that say Nagarjuna, whose dates are usually given to fall within those of the Han Dynasty, visted China, although evidence is scarce. Kumarajiva (344-413) who arrived in China well after the Han Dynasty, started his translation projects around 385-401. He is considered the key figure in the introduction of Nagarjuna's teachings into China. |