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Budismo claro e simplesBUDISMO CLARO E SIMPLES
Como estar sempre atento, neste exato momento, todos os dias.
de Steve Hagen
Editora Pensamento

Vinte e cinco séculos atrás, na Índia, um homem chamado Gautama passou por uma libertação. Ele dedicou o resto de sua vida a ensinar aos outros como conseguir a mesma liberdade da mente. Depois que despertou da ignorância nefasta que o impedia de saber o que de fato estava acontecendo, ele se tornou conhecido como o Buda — o "que foi despertado".

Quando o Buda foi solicitado a sintetizar sua doutrina numa única palavra, ele disse: "Consciência". Este é um livro sobre consciência. Não a consciência de algo em particular, mas a consciência em si -. estar desperto, alerta, em contato com o que de fato está acontecendo. Este livro é sobre examinar e explorar as questões mais básicas da vida. E sobre contar com a experiência imediata deste momento presente. Não é sobre crença, doutrina, fórmulas nem tradição. E sobre a liberdade da mente.

O Buda aprendeu a ver diretamente na natureza da experiência. Como resultado de sua doutrina e de sua vida, uma nova religião veio à luz e se difundiu pelo mundo.

As observações intuitivas de Buda são práticas e eminentemente equilibradas, pois lidam exclusivamente com a percepção do aqui e agora. Budismo Claro e Simples oferece aos leitores esses ensinamentos fundamentais, livres das armadilhas culturais que se acumularam em torno do Budismo durante os últimos vinte e cinco séculos. Os que só agora têm a oportunidade de tomar conhecimento desta doutrina serão inspirados pelos princípios claros encontrados neste livro, e os que estão familiarizados com o Budismo darão as boas-vindas a esta nova abordagem há muito tempo necessária.

Para toda pessoa com vontade de sondar a natureza da existência, este livro é um chamado para o despertar


Introdução

À medida que o milênio chegou a seu termo, a maioria de nós perdeu a fé nas versões do mundo que apareciam nos livros de história de antigamente. Com o desenvolvimento da ciência, muitos de nós passaram a ver o universo como um domínio, inconcebivelmente estranho, vasto, complexo, impessoal, multidimensional e talvez sem sentido, da mente e da matéria.

Podemos nos sentir forçados a lidar com essa perda da fé tomando um de dois extremos infelizes, Ou ficamos cegos aos nossos apuros e tentamos fugir por meio das drogas, do álcool, de nossa carreira ou de quaisquer dos inúmeros sistemas de crença, ou encaramos a perspectiva assustadora de que somos criaturas inteligentes que habitam um mundo sem sentido.

Muitos de nós agem como se pudessem achar satisfação no simples fato de ter bastante dinheiro, segurança, respeito, amor, fé, educação, poder, paz, conhecimento ... ter alguma coisa.

Porém, há outros dentre nós que não se deixam levar por isso. Eles sentem que a segurança real é impossível de alcançar. Pois sabem que, mesmo que pudéssemos acumular tudo o que desejamos, isso seria inevitavelmente tomado pela morte. Nossa mortalidade assoma à nossa Frente, tão terrível quanto certa. Parecemos totalmente perplexos. Como podemos ter paz nessas circunstâncias?

Não só nos sentimos aprisionados pela nossa ignorância, mas parecemos condenados a continuar assim. Como disse Yang Chu, o filósofo chinês do século IV a.C.:

Passamos pelo mundo numa trilha estreita, preocupados com coisas insignificantes que vemos e ouvimos, remoendo nossos preconceitos, passando pelas alegrias da vida sem sequer saber que perdemos algo. Nunca por um momento provamos do vinho estonteante da liberdade. Estamos verdadeiramente presos, como se estivéssemos no fundo de uni calabouço, atados a cadeias.

Qual é o problema humano básico que nenhum remédio aparente pode curar? Qual é o objetivo da nossa existência? Como podemos compreendê-la como um todo? E, no entanto, não seria o conhecimento do Todo — o conhecimento que não é relativo, nem dependente de condições mutáveis — precisamente o que seria necessário para nos libertar das dúvidas e dilemas que nos causam tanta dor e angústia?

Ansiamos por estar livres de nossa confusão e descontentamento, por não ter de viver nossa vida acorrentados impotentemente à incerteza e ao medo. No entanto, não percebemos com freqüência que é precisamente nosso estado mental de confusão que nos ata.

Há um modo de ir além dessa ignorância, pessimismo e confusão, e ter a experiência da Realidade como um Todo — em vez de compreendê-la. Essa experiência não está baseada em nenhuma concepção nem crença; é a própria percepção direta. É ver antes que os sinais apareçam, as idéias suriam, antes que se caia no pensamento.

Isso é chamado iluminação. Não é mais nem menos do que veras coisas como são, em vez de como nós queremos ou achamos que sejam.

Essa libertação da mente — essa consciência direta da Realidade como um Todo — é totalmente acessível a qualquer um que queira prestar atenção à sua experiência real.

Vinte e cinco séculos atrás, na Índia, um homem chamado Gautama passou por essa libertação. Ele dedicou o resto de sua vida a ensinar aos outros como conseguir a mesma liberdade da mente. Depois que ele despertou da ignorância nefasta que o impedia de saber o que de faro estava acontecendo, ele se tornou conhecido como o Buda — o "que foi despertado.

Quando o Buda foi solicitado a sintetizar sua doutrina numa única palavra, ele disse "consciência. Este é um livro sobre consciência. Não a consciência de algo em particuLar, mas a consciência em si — estar desperto, alerta, em contato com o que de fato está acontecendo. E sobre examinar e explorar as questões mais básicas da vida. É sobre contar com a experiência imediata deste momento presente. Não é sobre crença, doutrina, fórmulas nem tradição. Ë sobre a liberdade da mente.

O Buda aprendeu a ver diretamente na natureza da experiência. Como resultado de sua doutrina e de sua vida, uma nova religião veio à luz e se difundiu pelo mundo. Com isso, como rodas as religiões, o Budismo acumulou (e gerou) uma variedade de crenças, rituais, cerimônias e práticas. Como se difundisse de um país a outro, adquiriu uma ampla variedade de aspectos culturais: roupas especiais e chapéus, estátuas, incenso, gongos, sinos, apito — até formas arquitetônicas peculiares, ícones e símbolos. Este livro deixa para trás tudo isso.

Rituais, cerimônias, orações e apetrechos especiais são inevitáveis, mas eles não expressam — não podem expressar — o cerne do que o Buda ensinou. Na realidade, muito freqüentemente essas coisas atrapalham. Elas escondem a sabedoria simples das palavras do Buda e nos distraem dela.

Esse é um problema principal, e não só para os que cresceram no Ocidente. Não é fácil saber onde o Budismo termina e a cultura asiática começa, nem distinguir as doutrinas originais e autênticas do Buda do que foi acrescentado depois por pessoas com menos perspicácia. Como resultado, muitos americanos e europeus acreditam genuinamente que o Budismo é sobre adorar o Buda, ou se curvar e usar togas, ou trabalhar em si mesmo num transe, ou mesmo se sair com respostas a enigmas difíceis, ou encarnações passadas e futuras.

O Budismo não é sobre essas crenças e práticas. As observações e verdades do Buda são claras, práticas e eminentemente concretas. Elas lidam exclusivamente com o aqui e agora, não com teoria, especulação. nem crença em algum tempo ou lugar distante. Porque essas doutrinas permanecem focalizadas neste momento — assim como você está lendo isto — elas permanecem pertinentes e de profundo valor a toda cultura e pessoa que as investiga seriamente. E a essas verdades e observações organizadas e originais que este livro retorna.

Este livro é dividido em três partes. Na Parte Um, nos concentraremos nas doutrinas principais do Buda, que ele chamou as quatro verdades da existência. Na Parte Dois, nos concentraremos mais detalhadamente na quarta dessas verdades. Aqui o Buda mostra um caminho — um modo prático e efetivo devida — pelo qual podemos entender o mundo e lidar com ele. E, na Parte Três, nos deteremos ainda mais para enfatizar os primeiros dois aspectos desse caminho. Estes incluem as doutrinas da sabedoria do Buda, as que lidam com a intenção e a consciência humanas.

Para pessoas que estudam o Budismo pela primeira vez, Budismo Claro e Simples oferece uma visão clara e direta da sabedoria e a orientação de um mestre iluminado que viveu há cerca de 2.500 anos, mas cujas doutrinas permanecem tão vitais e penetrantes hoje quanto no passado. Para as pessoas já familiarizadas com o Budismo, inclusive para os praticantes de longa data — este livro fornece um panorama há muito esperado dos elementos essenciais do Budismo, e a liberdade dos grilhões e dos aspectos culturais que se acumularam por mais de 25 séculos. Para toda pessoa com vontade de sondar a natureza da existência, ele é um chamado para o despertar.




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