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Gatha de Seng-Ts’an, terceiro patriarca Chan
(Hsin-Hsin-Ming)
De Seng T´san
Versão em português por Chuan Yuan Shakya


Não é difícil descobrir tua Mente Búdica simplesmente deixa de procura-la.
Deixa de aceitar e rejeitar possíveis lugares onde pensas que ela possa estar
e ela aparecerá diante de ti.

Cuidado! O menor sinal de preferência
abrirá um abismo largo e profundo
como o espaço entre o céu e a terra.

Se queres encontrar a tua Mente Búdica
não tenha opiniões sobre nada.
Opiniões produzem argumento
e a disputa é uma doença da mente.

Submerge nas profundezas. A quietude é profunda.
Não há nada profundo em águas rasas.
A Mente Búdica é perfeita e engloba o universo.
Não tem carência de nada e nada tem em excesso.
Se pensas que podes escolher entre as suas partes
perderás de vista a sua verdadeira essência.

Não te apegues às aparências,
às coisas opostas,
às coisas que existem como relativas.
Aceita-as com imparcialidade
e não terás que perder tempo com escolhas sem sentido.

Os julgamentos e discriminações bloqueiam o fluxo e trazem as paixões.
Irritam a mente que precisa de quietude e paz.
Se vais de se a senão, de isto a aquilo, ou quaisquer dos inumeráveis opostos,
perderás de vista o todo, o Uno.
Seguindo uni oposto estarás te extraviando,
para longe do centro de equilíbrio. Como esperas alcançar o uno?

Decidir que é, é determinar o que não é.
Mas determinar o que não é pode te ocupar tanto
que acaba se convertendo no que é.
Quanto mais falas e pensas, mais longe te encontras.
Deixa de falar e de pensar e o encontrarás em todas as partes.
Se deixares todas as coisas voltarem a sua origem, esta bem.
Mas se paras para pensar que esta é a tua meta
e que é disto de que o sucesso depende,
e lutas e lutas ao invés de simplesmente deixar ir,
não estarás praticando Zen.
No momento em que começas a discriminar e a preferir perdes o caminho.
Buscar o real também é um falso ponto de vista
que deveria ser igualmente abandonado.
Deixa passar! Deixa de buscar e de escolher.
As decisões dão lugar às confusões,
e aonde pode chegar uma mente confusa?

Todos os pares de opostos vêm da única grande Mente Búdica.
Aceita os opostos com dócil resignação.
A Mente Búdica permanece calma e quieta,
mantém tua mente nela e nada poderá te perturbar.
O inofensivo e o danoso deixam de existir.
Os sujeitos, quando liberados de seus objetos,
desaparecem tão certamente
quanto os objetos quando liberados de seus sujeitos desaparecem também.
Cada um depende da existência do outro.
Entende esta dualidade e verás
que ambos provêm do Vazio do Absoluto.

A base de todo Ser contém os opostos.
Todas as coisas se originam do Uno.
Que perda de tempo escolher entre grosso e fino.
Já que a Grande Mente faz nascer todas as coisas,
abraça-as todas e deixa morrer teus preconceitos.

Para realizar a Grande Mente,
não sejas vacilante nem ansioso.
Se tentares pegá-la, agarrarás o ar
e cairás no caminho dos heréticos.
Onde está o Grande Tao? Podes deixa-lo? Ele permanecerá ou se irá?
Não está em toda a parte esperando por ti
para unir a tua natureza com a Sua
E ficares livre de problemas como Ele é?

Não cansa tua mente te preocupando em saber
o que é real e o que não é,
sobre o que aceitar ou o que rejeitar.
Se queres conhecer o Uno,
deixa teus sentidos experimentarem o que vier,
mas não sejas influenciado e nem te envolvas no que vier.
O sábio age sem emoção e parece nem estar agindo.
O ignorante permite que suas emoções o envolvam.
O sábio compreende que todas as coisas são parte do Uno.
O ignorante vê diferenças em toda parte.

Todas as coisas são iguais em sua essência,
assim apegar-se a algumas e abandonar outras é viver no engano.
A mente não á juiz equânime de si mesma.
Tem preconceitos a favor ou contra si mesma.
Não pode ver nada objetivamente.

Bodhi está além de toda noção de bem e mal,
além dos pares de opostos.
Os devaneios são ilusões e as flores nunca florescem no céu.
São invenções da imaginação e não merecem ser considerados.
Ganho e perda, certo e errado, grosso e fino.
Deixa todos irem! Permanece atento. Mantém abertos teus olhos.
Teus devaneios desaparecerão.
Se não fizeres julgamentos, tudo será exatamente como deve ser.

Profunda é a sabedoria do Tathagata,
excelsa e além de todas as ilusões.
Este é o Uno a que todas as coisas retornam desde que não as separe,
mantendo algumas e afastando outras.
De qualquer modo, onde as deixarias?
Todas estão dentro do Uno. Não há fora.

O Supremo não tem modelo, dualidade,
e nunca é parcial.
Confia nisto. Mantém viva a tua fé.
Quanto abandonas todas as distinções e nada sobra
exceto a Mente que é agora pura, que irradia
sabedoria e nunca se cansa.

Quando a Mente abandona as discriminações
os pensamentos e os sentimentos não podem sondar suas profundezas
O estado é absoluto e livre. Não há nem eu nem o outro.
Apenas te darás conta de que és parte do Uno.
Tudo está dentro e nada está fora.

Os sábios do mundo todo compreendem isto.
Este conhecimento está além do tempo,
Seja ele longo ou curto, este conhecimento é eterno,
Nem é e nem não é. O todo é aqui e o menor é igual ao maior.
O espaço nada pode confinar. O maior é igual ao menor,
Não há limites, nem dentro nem fora.
O que é e o que não é são a mesma coisa, porque o que não é é igual ao que é.
Se não despertares para esta verdade, não te preocupes.
Apenas crê que tua Mente Búdica não é dividida,
que ela aceita tudo sem julgamento.
Não prestes atenção a palavras, discursos ou métodos bonitos
o eterno não tem presente, passado ou futuro.




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