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O CULTO JAPONÊS DA TRANQUILIDADE de Karlfried Graf Dürckheim Editora Cultrix PREFACIO A QUINTA EDIÇÃO ALEMÃ Passaram-se mais de vinte anos desde que apareceu a primeira edição deste livro. Desde então, teve o Japão, de cujo espírito ora tratamos, um desenvolvimento de tal modo tempestuoso de suas modernas cidades comerciais e industriais que não seria descabido perguntar até quando, defrontando com a pressa e o ruído que hoje reinam em seus centros vitais, poderá o pais cuidar do "culto oriental da tranqüilidade". Por natural que pareça a primeira vista essa pergunta, ela escapa ao sentido do conteúdo deste livro: algo que servisse de mediação para o que a alma do Extremo-Oriente — tal qual no Japão ela ainda hoje se manifesta em diversos hábitos de vida — tivesse a dizer ao homem ocidental de intemporalmente válido. Até que ponto isso expressa também o Japão moderno é uma questão que não nos deve preocupar mais que a de saber o que a Grécia hodierna tem a ver com o espírito de Platão ou a China de hoje com o espírito de Confúcio. Talvez não seja oportuno, numa época como a atual, quando. na área da’ mudança, tudo é posto em questão, refletir sobre o imutável, intemporal e propriamente humano, tal como a respiração, a morte, a polaridade entre masculino e feminino, o ritmo de Yin e Yang. Para nós, ocidentais, inclui-se nisso também a reflexão sobre a polaridade entre o espírito ocidental e o oriental. Como não há apenas homem e mulher, mas também o feminino no homem e o masculino na mulher, sendo que um homem só se torna verdadeiramente homem (não robô) quando se converte em homem integral, ou antes, quando liberta em si também o feminino, de igual modo o homem ocidental só pode tornar-se são e fecundo quando reconhecer em si mesmo o oriental. O encontro entre Oriente e Ocidente não é um problema folclórico, mas um problema intimamente humano, cheio de tensões que não devem ser dissolvidas e sim resgatados. |