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INTRODUÇÃO AO BUDISMO de vários autores e mestres budistas por Karma Tenpa Darghye. De preferência a ser praticado de acordo com os métodos habituais do Yoga, o Prajna-Paramita deve ser meditado, e a sua sabedoria apreendida pela introspecção estática. A este respeito, há que diferenciá-lo dos outros cinco, dos Seis Paramitas que devem ser observados pelo devoto, como a "Caridade Ilimitada" (Dana-Paramita), a "Moralidade Ilimitada" (Shila-Paramita), a "Paciência Ilimitada" (Kshanti-Paramita), o "Esforço Ilimitado" (Virya-Paramita) e a "Meditação Ilimitada" (Dhyana-Paramita). A "Sabedoria Ilimitada (ou Transcendental)", a exemplo do Nirvana e do Estado de Buda, é efetivamente um dos estados mais sublimes da mente iluminada, a ser atingido com o concurso de todos os Seis Paramitas, combinado ao perfeito desempenho das práticas yogues. "Um Bodhisattva pode aprimorar-se através do Dana-Paramita; porém, como há toda probabilidade de que ele venha a formar uma concepção do Dana-Paramita como algo dotado de algum tipo de realidade (svabhava), este pode vir a afigurar-se-lhe como um objeto de intelecção (grahya). Ele pode também ter uma concepção de doador-receptor-coisa-doada. É para contrabalançar todas essas concepções, que, na verdade, são concepções errôneas, que o Prajna-Paramita intervem e estimula o Bodhisattva a tentar desenvolver um estado de espírito no qual o Dana-Paramita afigurar-se-lhe-ia como desprovido de sinais (alaksana), sem qualquer existência independente por si próprio; e que, ao mesmo tempo, eliminará de sua mente qualquer concepção que se atenha aos termos do doador-receptor-coisa-doada. Em resumo, a função do "Prajna-Paramita é a de convencer o Bodhisattva de que o Dana-Paramita, seja lá o que for, é em verdade informe, infundado e indistinguível do Shunyata. Serve como uma proteção para o Bodhisattva que se elevou muito acima da média e adquiriu varias qualidades meritórias, mas ainda está sujeito a apegar-se a alguma idéia ou conceito que em si mesmo pode ser altamente correto e válido, mas, sendo um apego, deve ser afastado". Daí ter sido o Prajna-Paramita encarecido em detrimento de todos os outros Paramitas, a ponto de vir a ser considerado o Paramita principal, por meio do qual o homem. como num barco, alcança a Sabedoria da Outra Margem.
A VERDADE ALÉM DA DEMONSTRAÇÃO "Somente eu e os Budas do Universo". - Podemos compreender estas coisas - A Verdade além da demonstração, A Verdade além da esfera da expressão." Budha, - "Saddharma Pundarika Sutra"
O CAMINHO DA SABEDORIA TRANSCENDENTAL: O YOGA DO VAZIO [saudação] SAUDAÇÃO À CONQUISTADORA, A SABEDORIA TRANSCENDENTAL! O título SÂNSCRITO e o título TIBETANO Na língua da Índia "A Conquistadora, a Essência da Sabedoria Transcendental", escreve-se Bhagavati Prajna-Paramita Hridaya; na língua do Tibet, Bchom-ldan-hdas-ma Shes-rab kyi Pha-rol-tu Phyin-pahi Snying-po. Assim ouvi: Certa vez o Conquistador, no meio da grande congregação de Shanga, composta de Bhikshus e Bodhisattvas, no Pico do Abutre, em Raj-Griha, estava sentado absorto naquele Samadhi que se chama a Profunda Iluminação. E ao mesmo tempo, o Bodhisattva, o Filho Favorito, Arya Avalokiteshvara sentou-se a meditar sobre o profundo ensinamento do Prajna-Paramita, de que os Cincos Agregados são da natureza do Vazio. Nisto, inspirado pela força do Buda, o venerável Shari-Putra interpelou o Bodhisattva, o Filho Favorito, Arya Avalokiteshvara, assim: "Como poderá alguém de nobre nascença, desejoso de praticar os ensinamentos profundos do Prajna-Paramita, compreende-los?". A RESPOSTA DE AVALOKITESHVARA Após ter sido assim interpelado, o Bodhisattva, o Filho Favorito, Arya Avalokiteshvara, retorquiu e assim disse ao filho de Shari-Dvati: "Shari-Putra, qualquer um nobre de nascença, filho ou filha [espiritual], desejoso de praticar os ensinamentos profundos do Prajna-Paramita, compreendê-los-á do seguinte modo: "Os Cinco Agregados hão de ser compreendidos como sendo naturalmente e integralmente o Vazio". "As Formas são o Vazio, e o Vazio são as Formas; tampouco há as Formas e o Vazio em separado, ou Formas outras que não o Vazio". Do mesmo modo, a Percepção, os Sentimentos, as Formações mentais e a Consciência são o Vazio. "Assim, Shari-Putra, todas as coisas são o Vazio sem características, Inatas, Incontáveis. Imaculadas, Imaculáveis, Indenes, Impreenchíveis". "Shari-Putra, em assim sendo, o Vazio não tem forma alguma, percepção alguma, sentimento algum, formação alguma, consciência alguma; olho algum, ouvido algum, nariz algum, língua alguma, corpo algum, mente alguma, forma alguma, som algum, odor algum, gosto algum, tato algum, qualidade alguma". "Onde não há olho, não há desejo, e assim por diante, não há consciência do desejo". "Não há Ignorância; não há superação da Ignorância; e assim por diante, não há declínio e nem morte, não há superação do declínio e da morte". "Do mesmo modo, não há dor, não há mal, não há privação, não há Caminho, não há Sabedoria, nem alcançar ou deixar de alcançar". "Shari-Putra, em assim sendo – pois nem mesmo os Bodhisattvas tem algo que alcançar – para o que se fia no Prajna-Paramita, e a ele se atém, não há qualquer obscurecimento mental [da Verdade] e, por conseguinte, nada que temer; e, passando muito além dos caminhos [ou doutrinas] errôneos, a este bem sucede alcançar o Nirvana". "Todos os Budas, igualmente, que subsistem nos Três Tempos, atingiram o mais alto, o mais puro e o mais perfeito Estado de Buda subordinando-se a este Prajna-Paramita".
O MANTRA DO PRAJNA-PARAMITA "Assim sendo, o Mantra do Prajna-Paramita, o Mantra da Grande Lógica7, o Mantra Eminente, o Mantra que faz igualar Aquilo que não pode ser igualado, o Mantra que mitiga toda dor, e que não sendo falso é sabido ser verdadeiro, o Mantra do Prajna-Paramita, é entoado agora: TADYATHA GATE GATE PARAGATE PARA-SAMGATE BODHI SVA-HA.
Shari-Putra, um Bodhisattva, um Filho Favorito deve compreender o Prajna-Paramita desse modo."
A APROVAÇÃO DO BUDA Então o Conquistador saiu do Samadhi, e para o Bodhisattva, o Filho Favorito, Arya Avalokiteshvara, disse: "Muito bem. Muito bem. Muito bem". E tendo assim expressado aprovação, [Ele acrescentou], "Assim é, ó, Nobre de nascença; assim é. Assim mesmo como mostrastes, o profundo Prajna-Paramita deve ser compreendido. Os Tathagatas, também, estão satisfeitos [com isto]". Tendo assim o Conquistador externado o Seu parecer, o filho do venerável Shari-Dvati, e o Bodhisattva, o Filho Favorito, Arya Avalokiteshvara, e todas as criaturas ali congregadas – devas, homens, asuras, ghandharvas, e o mundo todo – alegraram-se, e louvaram as palavras do Conquistador. Isto completa A Essência da Magnífica Sabedoria Transcendental. A SUPERIORIDADE DO PRAJNA-PARAMITA "Caso um Bodhisattva praticasse incessantemente todos os [Cinco] Paramitas, Dana, Shila, Kshanti, Vírya e Dhyana, e não dominasse o sexto, ou seja, o Prajna-Paramita, ele não seria capaz de alcançar o estado do Conhecimento Absoluto". (...). Por isso, na Sinopse Transcendental, afirma-se: "Uma multidão obtusa de milhões e milhões de cegos que desconhece o caminho, jamais chegará à cidade a que demanda. Sem o Prajna, os outros Cinco Paramitas obliterados, como poderiam eles atingir o Reino de Bodhi! Se, por outro lado, houver um homem que enxergue em meio à multidão de cegos, esta alcançará, sem dúvida, o seu destino". De modo semelhante, a acumulação de outros méritos, se guiada pelo Prajna, conduz ao Conhecimento Absoluto... Agora, caso seja indagado, que restrição acarretaria o emprego de Upaya [ou Método] e Prajna [ou Sabedoria] separadamente? Qualquer Bodhisattva que recorrer a Prajna independente de Upaya estará sujeito a ser atrelado [ou encadeado] ao estado de quietude do Nirvana aspirado pelos Sravakas e não alcançará o estado do Nirvana que não é seguro. (...) No Sutra intitulado "As Questões de Akshshayamati", afirma-se: "Prajna separado de Upaya atrela-se ao Nirvana, e Upaya separado de Prajna atrela-se ao Sansara". Portanto, ambos devem estar em união... Novamente, a título de ilustração, assim como alguém que almeja alcançar uma certa cidade necessita de olhos para ver e pés para trilhar o caminho, assim também aquele que almeja alcançar a Cidade do Nirvana necessita dos olhos de Prajna e dos pés de Upaya. Ademais, este Prajna não foi produzido nem engendrado por si mesmo. A título de ilustração, um pequeno feixe de lenha não dará uma grande fogueira, nem arderá por muito tempo, mas uma enorme pilha de lenha dará uma enorme fogueira, que arderá por muito tempo; assim, do mesmo modo, uma pequena acumulação de méritos não basta para produzir um grande Prajna. Somente um grande acúmulo de Dana [ou Caridade] e de Shila [ou Moralidade], além dos restantes [Cinco Paramitas] produzirá um grande Prajna, consumindo todas as impurezas e obscuridades... A característica do Prajna é a de discernir a natureza de todas as coisas... O que é Prajna? É a diferenciação de todas as coisas. A YOGA TIBETANA E AS DOUTRINAS SECRETAS – W.Y. Evans-Wentz |