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INTRODUÇÃO AO BUDISMO de vários autores e mestres budistas por Karma Tenpa Darghye. "O ensinamento do surgimento dependente (sânsc. pratitya-samutpada) diz que todo fenômeno (sânsc. dharma) aparece, se realiza e desaparece; estes três acontecimentos só podem ocorrer devido a certas causas e condições. Por isso, o samsara (o mundo dos fenômenos) é condicionado, interdependente, ao contrário da paz infinita do nirvana, incondicionado. "Se você é poeta, vê claramente uma nuvem em um papel em branco. Se não existir a nuvem, a chuva não cai. Se não cair a chuva, a árvore não cresce. Se não cresce a árvore, não se faz papel. Então, podemos dizer que o papel e a nuvem se encontram em interexistência. Se observarmos mais profundamente o papel, veremos nele a luz do sol. Sem a luz do sol, o mato não cresce. Ou melhor, sem ela, nada no mundo cresce. Por isso, reconhecemos que a luz do sol também existe no papel em branco. O papel e a luz do sol encontram-se em interdependência. Se continuarmos observando profundamente, veremos o lenhador que cortou a árvore posteriormente levada à marcenaria. Veremos também o trigo no papel. Sabemos que o lenhador não pode existir sem o pão de cada dia. Por isso, o trigo, a matéria-prima do pão, também existe no papel. Pensando desta maneira, reconhecemos que um papel branco não pode existir quando faltar qualquer um destes elementos. Não posso citar nada que não esteja aqui, agora. O tempo, o espaço, a chuva, os minerais contidos no solo, a luz do sol, as nuvens, os rios, o calor... Tudo está aqui, agora. Não podemos existir sozinhos. Este papel branco é totalmente constituído de "elementos que não são papel". Se devolvermos todos os "elementos que não sejam papel" à sua origem, o papel deixará de existir. O papel não existirá se forem tirados os "elementos que não sejam papel". O papel, em sua espessura fina, contém tudo do universo. Nele, não há nada que não exista em interdependência. A inexistência de elementos independentes significa que tudo é satisfeito por tudo. Temos que existir em interexistência com os demais, assim como um papel que existe porque todo os demais elementos existem. Citado em CAMINHO ZEN – Thich Nhat Hanh
"Se tudo é impermanente, então tudo é o que chamamos "vazio" [sânsc. shunya], o que significa ausência de qualquer existência durável, estável e inerente; de todas as coisas, quando vistas e compreendidas em sua verdadeira relação, não são independentes, mas interdependentes entre si. O Buddha comparou o universo a uma vasta rede composta por uma infinita variedade de jóias brilhantes, cada uma delas com um número incontável de facetas. Cada jóia reflete em si mesma todas as outras jóias do conjunto, é de fato una com toda as demais. Pense numa onda no mar. Vista de um modo, parece ter uma identidade distinta, um fim um começo, um nascimento e uma morte. Vista de outro modo, a onda não existe, mas é apenas o comportamento da água, "vazia" de toda identidade separada, mas "cheia" de água. Assim, quando você pensa a respeito da onda, vem a perceber que se trata de algo que se tornou temporariamente possível pelo fato do vento, e pela água, e que é dependente de um conjunto de circunstâncias permanentemente mutáveis. Você também percebe que cada onda está relacionada com todas as outras ondas. Quando observamos atentamente, nada tem qualquer existência inerente e própria, e essa ausência de existência independente é o que chamamos "vacuidade (sânsc: shunyata)". Citado CAMINHO ZEN – Thich Nhat Hanh
"Na ciência interna budista, temos a imagem de uma rede feita de jóias cobrindo o telhado do palácio de Indra, na qual cada jóia reflete a rede e o palácio inteiros. Lama Tsong Khapa, um famoso budista tibetano, cientista interno e filósofo do século XIV, fundador da escola Guelupa, afirmou: "A Rainha das Razões, a Interdependência dos Fenômenos, mostra que "todas as coisas carecem de existência por si mesmas, pois são fenômenos dependentemente relacionados". E em seu texto Os Três Principais Aspectos do Caminho, ele diz: "Quem enxergar a relação causa-efeito completamente não ilusória de todos os fenômenos do samsara e do Nirvana e destruir todas as percepções dualistas enganosas entrará no caminho que satisfaz os conquistadores". Pantchen Tchoekyi Gyaltsen, um famoso budista tibetano do século XVI, cientista interno e detentor da linhagem de Lama Tsong Khapa, afirmou em seu texto Lama Tchoepa: "Não há contradição, mas sim harmonia, entre a ausência de um único átomo existente por si mesmo no samsara e no Nirvana e a relação dependente não ilusória entre causa e efeito". Niels Bohr, o físico dinamarquês do século XIX ganhador do Prêmio Nobel, afirmou: "As partículas materiais isoladas são abstrações, sendo suas propriedades definíveis e observáveis apenas por meio da interação com outros sistemas". Thomas Stapp, um famoso físico americano do século XX, afirmou em um relatório patrocinado pela Comissão Norte-Americana de Energia Atômica: "O mundo físico não é uma estrutura construída a partir de entidades não analisáveis existentes independentes umas das outras, mas sim uma rede ele relações entre elementos cujos significados surgem totalmente a partir de suas relações com o todo". e "Uma partícula elementar não é uma entidade não-analisável que existe independente de outras, mas sim um conjunto de relações que se estendem a outras coisas". A RELAÇÃO ENTRE O MACROCOSMO E O MICROCOSMO O Tantra de Kalachakra: "Assim como é no mundo externo, também é no mundo interno". Segundo Bohm, um famoso físico do século XX: "As partes são vistas como estando em conexão imediata, na qual suas relações dinâmicas dependem irredutivelmente do estado do sistema como um todo e do todo do universo. Somos, portanto, levados à nova noção de uma totalidade sem quebras, que nega a idéia clássica da possibilidade de se analisar o mundo em partes separadas e existentes independentemente umas das outras". NGELSO – AUTOCURA III - Lama Ganchen Rinpoche |