shunya | meditação | mestres | textos | zen | dzogchen | links |
Satisfação Texto de Pema Chödrön Resumo do livro, "The Wisdom of No Escape" 1996 Publicado por Shambhala Pocket Book Classics Traduzido e revisado por Tenzin Namdrol É importante lembrar que estando aqui, meditando, levando a cabo as tarefas do dia-a-dia, caminhando, conversando, tomando banho, indo ao toalete, comendo.. .é tudo que precisamos para o despertar, para estar bem vivos e bem despertos, bem vivos e bem humanos. Este corpo, sentado aqui, agora, nesta sala, este corpo aqui, talvez dolorido por estarmos ainda no primeiro ou segundo dia do retiro, esta mente de que dispomos neste instante é tudo o que precisamos para estar bem despertos, bem vivos e bem humanos. Melhor, as emoções que nos invadem agora, negativas ou positivas, são as que precisamos. É como se, ao procurar o maior tesouro que jamais pudéssemos encontrar, que nos conduzisse a uma vida tranqüila, boa, amplamente realizada, repleta de energia e inspirada, o encontrássemos no lugar mesmo onde estamos! Estar satisfeitos com o que surge é a chave de ouro para uma vida plena. Um dos maiores obstáculos para o que se denomina iluminação, é o ressentimento: a sensação de termos sido enganados, um desencanto com quem somos, onde estamos e o que somos. Por isso falamos tanto em cultivar o apreço por nós mesmos porque não sentimos sempre a plena satisfação de sermos quem somos. A meditação é um processo de trazer à luz, de nos familiarizarmos, de passar a confiar no que trazemos em nós, no que temos, no que somos e saber que a sabedoria já existe em nós e pode ser encontrada. Por enquanto ela se confunde com a nossa neurose. Nosso brilho, nosso jeito de ser acre-doce convivem em nós com o destempero e a confusão. Não vamos descartar o que rotulamos de nosso aspecto sombrio porque no processo descartamos também o que temos de sublime. Podemos dedicar o resto de nossas vidas despertando para quem somos em vez de tentar melhorar, mudar ou descartar quem somos ou o que fazemos. O importante é despertar, estarmos atentos e capazes de observar todos os aspectos da nossa natureza. Meditando, estamos simplesmente investigando a humanidade e toda a criação manifestada em nós mesmos. Somos especialistas em raiva, inveja, desdém, mas também em alegria, clareza e discernimento porque o que sentem os outros nós também sentimos. Somos sábios e sensíveis em relação a toda a humanidade a todo o universo, quando sabemos quem somos, tal como somos. Esta é a bondade amorosa, vista de outra forma. O fundamento da bondade amorosa é um estado de satisfação sobre quem somos e o que temos. O caminho é um estado de encantamento em que voltamos a ser crianças de dois ou três anos, querendo conhecer tudo o que não é conhecido, questionando tudo. Sabemos que não vamos encontrar as respostas porque as perguntas brotam da sede e da paixão de viver e não têm nada a ver com a resolução de coisa nenhuma, tampouco em conseguir por ordem à nossa existência. O questionamento é o próprio caminho. O seu fruto é o vislumbre da afinidade que temos com toda a humanidade. Sabemos que somos parte e porção do todo, de todos. Cultivar o apreço por nós mesmos não é uma prática egoísta. Não se trata de querer levar os brinquedos todos para casa. A bondade amorosa conquistada através da aceitação de nós mesmos é a forma de verdadeiramente compreender o outro. |