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SUTRA DE HUI-NENG - SUTRA DA PLATAFORMA
Capítulo VI. Sobre a Contrição
O Sutra do VI Patriarca Hui-Neng
NO ALTO ASSENTO "DO TESOURO DO DHARMA"
Traduzido ao Inglês por A.F.Price e Wong Mou-Lam
Traduzido ao Português por Cláudio Miklos


Certa vez havia uma grande reunião de estudiosos e cidadãos de Kuang Chou, Shao Chou, e outros lugares esperando que o Patriarca falasse com eles.

Vendo isto, o Patriarca subiu ao púlpito e disse o seguinte:

No Budismo, nós deveríamos começar com a nossa Essência da Mente. A toda hora devemos purificar nossa própria mente de um Ksana [momento, instante] para outro, trilhando o Caminho por nossos próprios esforços, percebendo nosso próprio Dharmakaya, percebendo o Buddha em nossa própria mente, e lançando a nós mesmos a uma íntima observância dos Silas; então, vossa visita não haverá sido em vão. Uma vez que vós todos viestes de muito longe, o fato de nos reunirmos aqui demonstra que há uma boa afinidade entre nós. Agora vamos nos sentar à moda indiana, e eu vos darei a Contrição ‘Sem-Forma’ [sobre os cinco tipos de Fragrâncias do Dharmakaya].

Quando eles haviam se sentado, disse o Patriarca:

A primeira Fragrância é a de Sila, significando que nossa mente está livre das máculas de atos demeritórios, ciúme, maldade, avareza, raiva, exploração, e ódio. A segunda é a Fragrância de Samadhi [Tranqüilidade, Estabilidade], significando que nossa mente mantem-se inalterada em todas as circunstâncias, favoráveis ou desfavoráveis. A terceira é a Fragrância de Prajna [Sabedoria, Discernimento], significando que nossa mente está livre de todos os impedimentos, que constantemente aprofundamos nossa Essência da Mente com sabedoria, que nos abstemos de fazer todos os tipos de ações más, que embora façamos todos os tipos de bons atos, não deixamos, entretanto nossa mente ficar presa a (aos frutos de) tais ações, que somos respeitosos para com nossos superiores, consideramos aqueles inferiores a nós, e temos simpatia para com os pobres e destituídos. A quarta é a Fragrância da Liberação, significando que nossa mente está em um estado tão absolutamente livre que a nada se apega e não se atêm nem ao bem nem ao mal. A quinta é a Fragrância do ‘Conhecimento obtido quando se Atinge a Liberação’. Quando nossa mente não mais se apega ao bem nem ao mal, devemos nos preocupar em não deixá-la se perder no Vazio, ou permaneçeremos em um estado de inércia. Antes, deveríamos aumentar nossos estudos e deveríamos alargar nossos conhecimentos, de forma que possamos conhecer nossa própria mente, entender os princípios do Budismo completamente, sendo afáveis com os outros em nossos procedimentos com eles, libertando-nos da idéia de um ‘ego’ e de um ‘ser’, e percebendo que no momento em que atingimos Bodhi, a ‘verdadeira natureza’ (ou Essência da Mente) é sempre imutável. Esta, portanto, é a Fragrância do ‘Conhecimento obtido quando se Atinge a Liberação’. Esta Fragrância de cinco partes nos perfuma de dentro [para fora], e nós não deveríamos buscá-la externamente. Agora eu vos darei a Contrição ‘Sem-Forma’ que expiará nossos pecados cometidos em nossa presente vida, nas vidas passadas e futuras, e purifica nossos karmas de pensamento, palavra e ação.

Virtuosa Audiência, por favor, sigam-me e repitam juntos o que eu vos digo:

Que nós possamos, discípulos chamados assim ou assim, estar sempre livres das manchas da ignorância e da ilusão. Nós nos arrependemos de todos os nossos erros e das más ações cometidas sob delusão ou em ignorância. Que estes atos sejam expiados imediatamente e nunca mais retornem. Que nós possamos estar livres das manchas da arrogância e da desonestidade (Asathya). Nós nos arrependemos de nosso comportamento arrogante e procedimentos desonestos no passado. Que estes atos sejam expiados imediatamente e nunca mais retornem.

Que nós possamos estar livres das manchas de inveja e ciúme. Nós nos arrependemos de todos os nossos erros e das más ações cometidas com espírito de inveja ou ciúme. Que estes atos sejam expiados imediatamente e que nunca mais retornem.

Virtuosa Audiência, isto é o que nós chamamos ‘Chan Hui (Contrição, Arrependimento) Sem-Forma [Não-Dual]’. Agora, qual é o significado de Chan? Qual é o significado de Hui? Chan se refere à correção de erros passados. Se arrepender de todos nossos erros passados e ações demeritórias cometidas sob influência da ilusão, ignorância, arrogância, desonestidade, ciúme, ou inveja, etc. de forma a pôr um fim em todas elas é chamado Chan. Hui se refere àquela parte da Contrição que concerne à nossa conduta futura. Havendo percebido a natureza de nossa transgressão (nós fazemos um voto) de que no futuro poremos um fim a todos os tipos de males cometidos sob ilusão, ignorância, arrogância, desonestidade, ciúme, ou inveja, e que nós nunca erraremos novamente. Este é Hui. Por causa da delusão e ignorância, pessoas comuns não percebem que no ato de Contrição elas não só têm que sentir arrependimento pelos seus erros passados, mas também se abster de errar no futuro. Considerando que elas não dão atenção às suas condutas futuras, elas cometem novos erros antes [mesmo] daqueles do passado serem expiados. Como podemos chamar isto de ‘Contrição’?

Virtuosa Audiência, havendo se arrependido de nossos erros nós tomaremos os seguintes quatro Grandes Votos:

Nós juramos liberar um número infinito de seres sensíveis em nossas mentes (1).

Nós juramos superar as inumeráveis corrupções em nossas mentes. Nós juramos praticar as incontáveis verdades do Dharma [contidas] em nossa Essência da Mente.

Nós juramos atingir a Suprema Natureza Búddhica de nossa Essência da Mente.

Virtuosa Audiência, todos nós declaramos agora que iremos nos comprometer a libertar um número infinito de seres sensíveis; mas o que isto significa? Não significa que eu, Wei Lang, vou [pessoalmente] libertá-los. E quais são estes seres sensíveis dentro de nossa mente? Eles são a mente delusiva, a mente enganosa, a mente insalubre, e outros tipos de mentes como essas - todas elas são seres sensíveis. Cada uma delas deve libertar-se por meio de sua própria Essência da Mente. Então, a libertação será genuína.

Agora, o que significa libertar a si mesmo através de sua própria Essência da Mente? Significa a libertação dos seres da ignorância, da delusão, e da atormentação dentro de nossa própria mente por meio das Corretas Visões. Com a ajuda de Corretas Visões e da Sabedoria-Prajna as barreiras levantadas por estes seres ignorantes e delusivos podem ser demolidas; de forma que cada um deles fique em uma posição de se libertar pelos próprios esforços. Deixe o enganador ser libertado através da honestidade [Correção]; o iludido através do esclarecimento; o ignorante pela sabedoria; e o malévolo pela benevolência. Tal é a libertação genuína. Sobre o voto, ‘Nós juramos superar as inumeráveis paixões insalubres em nossas mentes,’ se refere à substituição de nossa faculdade de pensamento incerta e delusiva pela sabedoria-Prajna de nossa Essência da Mente. Sobre o voto, ‘Nós juramos praticar as incontáveis verdades do Dharma,’ não haverá nenhuma verdadeira aprendizagem até que nós venhamos a vivenciar nossa Essência da Mente diretamente, e até que nos adaptemos ao Dharma correto em todas as ocasiões.

Sobre o voto, ‘Nós juramos atingir a Suprema Natureza Búddhica,’ quero afirmar que quando podemos direcionar nossa mente para seguir o verdadeiro e correto Dharma em todas as ocasiões, e quando Prajna surge constantemente em nossa mente, e neste momento nos mantermos à distância tanto do esclarecimento como também da ignorância, e afastados tanto da verdade como também da falsidade, então poderemos nos considerar como tendo percebido a Natureza Búddhica, ou em outras palavras, como havendo atingido o Caminho Búddhico.

Virtuosa Audiência, nós sempre deveríamos ter em mente que estamos trilhando a Senda; para assim esta força somar-se aos nossos votos. Agora, desde que todos nós assumimos estes quatro Grandes Votos, irei ensinar-vos a ‘ Orientação Sem-Forma [Não-dual] de Três Partes’:

Nós nos orientamos pelo ‘Esclarecimento’, porque ele é a culminação tanto de Punya (mérito) como de Prajna (sabedoria).

Nós nos orientamos pela ‘Verdade’ (Dharma), porque é o melhor modo de adquirir a libertação dos desejos.

Nós nos orientamos pela ‘Pureza’, porque é a qualidade mais nobre do gênero humano.

Daqui por diante, deixem o Iluminado ser nosso professor; em hipótese alguma deveríamos aceitar Mara (a personificação da Ilusão) ou qualquer visão errônea como nosso guia. Isto nós devemos testemunhar constantemente para nós mesmos apelando para as ‘Três Jóias’ de nossa Essência da Mente, nas quais, Virtuosa Audiência, eu vos aconselho a tomarem refúgio. Elas são:

Buddha que representa o Esclarecimento.

Dharma que representa a Verdade.

Sangha, (a Ordem) que representa a Pureza. Deixar nossa mente tomar refúgio no ‘Esclarecimento’, de forma que o erro e as noções delusivas não surjam, a diminuição do desejo ocorra, desconheçamos o descontentamento, a luxúria e a cobiça já não nos acorrentem, tal é a culminação de Punya e Prajna. Deixar nossa mente tomar refúgio na ‘Verdade’ de forma que nós sempre fiquemos livres das visões errôneas (pois sem visões errôneas não haveria nenhum egoísmo, arrogância, ou ambição), este é o melhor modo de atingir a liberação do desejo.

Deixar nossa mente tomar refúgio na ‘Pureza’ de forma que não importa em quais circunstâncias estivermos, não seremos contaminados pelos desgastantes sensações-objeto, ambições e desejos, esta é a qualidade mais nobre do gênero humano.

Praticar a Orientação de Três Partes do modo acima mencionado significa tomar refúgio em si mesmo (i.e., em sua própria Essência da Mente). Pessoas ignorantes recitam a Orientação de Três Partes dia e noite mas não a entendem. Se elas dizem que tomam refúgio em Buddha, sabem onde ele está? Além disso, se eles não podem ver Buddha, como eles podem tomar refúgio nele? Não seria este grupo de afirmações uma mentira? Virtuosa Audiência, cada um de vós deveria considerar e examinar este ponto por vós mesmos, e não deixar sua energia ser desviada. O Sutra diz claramente que deveríamos tomar refúgio em Buddha dentro de nós mesmos; não sugere que devemos tomar refúgio em outros Buddhas. (Além disso), se não tomamos refúgio em Buddha dentro de nós mesmos, não há nenhum outro lugar para nos abrigar.

Havendo clareado este ponto, que cada um de nós tome refúgio nas ‘Três Jóias’ dentro de nossas mentes. Internamente, deveríamos controlar nossa mente; externamente, deveríamos ser respeitosos para com os outros - este é o modo de tomar refúgio dentro de nós mesmos. Virtuosa Audiência, desde que todos vós aceitastes a ‘Orientação de Três Partes’, irei falar-vos do Trikaya (três ‘corpos’) do Buddha de nossa Essência da Mente, de forma que vós possais ver estes três corpos e ser capazes de perceber claramente a Essência da Mente. Por favor, escutai cuidadosamente e repitam depois de mim:

Com nosso corpo físico, tomamos refúgio no Puro Dharmakaya (Corpo da Essência) de Buddha.

Com nosso corpo físico, tomamos refúgio no Perfeito Sambhogakaya (Corpo de Manifestação) de Buddha.

Com nosso corpo físico, tomamos refúgio nas Miríades dos Nirmanakaya (Corpos de Encarnação) de Buddha.

Virtuosa Audiência, nosso corpo físico pode ser comparado a um alberge (i.e., um domicílio temporário), assim não podemos buscar refúgio nele. Dentro de nossa Essência da Mente serão achados os Trikaya de Buddha, e eles são comuns a todos.

Porque a mente (de um homem comum) trabalha sob [a influência de] delusões, ele não conhece sua verdadeira natureza interna; e o resultado é que ele ignora o Trikaya dentro de si, (acreditando erroneamente) que eles devem ser procurados externamente. Por favor, escutai, e eu vos mostrarei que dentro de vós achareis o Trikaya o qual, sendo a manifestação da Essência da Mente, não deve ser procurado externamente. Agora, o que é o Puro Dharmakaya? Nossa Essência da Mente é intrisecamente pura; todas as coisas são apenas suas manifestações, e ações meritórias e demeritórias são respectivamente resultados de corretos e errôneos pensamentos. Assim, dentro da Essência da Mente todas as coisas (são intrinsecamente puras), como o azul do céu e o esplendor do sol e da lua que, quando obscurecidos pelas nuvens cambiantes, pode parecer como se o seu brilho tenha desaparecido; mas assim que as nuvens são sopradas para longe, o brilho reaparece e todos os objetos são completamente iluminados. Virtuosa Audiência, nossos hábitos negativos podem ser comparados às nuvens; enquanto que a sagacidade e a sabedoria (Prajna), são respectivamente o sol e lua. Quando nos prendemos a objetos externos, nossa Essência da Mente é obscurecida por pensamentos insalubres que impedem a nossa Sagacidade e Sabedoria enviarem sua luz. Mas sendo nós afortunados o suficiente para encontrar instruídos e piedosos professores capazes de nos tornar conhecido o Verdadeiro Dharma, então podemos com nossos próprios esforços anular a ignorância e a ilusão, de forma que somos iluminados internamente e externamente, e a (verdadeira natureza) de todas as coisas manifestar-se-ão em nossa Essência da Mente. Isto é o que acontece àqueles que vivenciaram a Essência da Mente diretamente, e isto é o que chama-se o Puro Dharmakaya de Buddha. Virtuosa Audiência, buscar refúgio em um verdadeiro Buddha é buscar refúgio em nossa própria Essência da Mente. Aquele que assim faz deve remover de sua Essência da Mente a mente maldosa, a mente ciumenta, a mente bajuladora e deformada, o egoísmo, o engano e a falsidade, a altivez, a pretensiosidade, as visões enganadoras, a arrogância, e todos os outros males que podem surgir a qualquer momento. Tomar refúgio em si mesmo é constantemente estar alerta para nossos próprios enganos, e se conter nas críticas aos méritos ou faltas dos outros. Aquele que é humilde e tranquilo em todas as ocasiões e que é cortês com todos, compreendeu sua Essência da Mente de forma plena, tão plenamente que seu Caminho torna-se livre de obstáculos adicionais. Esta é a maneira de buscar refúgio em si mesmo.

Como é o Perfeito Sambhogakaya? Irei usar a ilustração de uma lâmpada. Assim como a luz de uma Lâmpada pode quebrar uma escuridão que esteve presente durante mil anos, assim a centelha da Sabedoria pode anular uma ignorância que durou por eras. Nós precisamos não nos preocupar com o passado, pois o passado foi-se e é irreparável. O que exige nossa atenção é o futuro; portanto, que nossos pensamentos de momento para momento sejam claros e harmoniosos, e que sejamos capazes de experimentar diretamente nossa Essência da Mente. O bom e o mal são opostos um ao outro, mas sua quintessência não pode ser dualística. Esta natureza Não-dualista é chamada de verdadeira natureza (i.e., a realidade absoluta) que não pode ser contaminada pelo mal nem pode ser afetada pelo bem. Isto é o que é chamado Sambhogakaya de Buddha.

Um único pensamento insalubre em nossa Essência da Mente deteriorará os bons méritos acumulados em eons de tempo, enquanto um pensamento saudável daquela mesma fonte pode expiar todos os nossos erros, mesmo que eles sejam tantos quanto os grãos de areia no Ganges. Perceber nossa própria Essência da Mente de momento a momento sem interrupção até que possamos atingir o Supremo Esclarecimento, de forma que perpetuamente estejamos em um estado de Correta Plena Atenção, é o Sambhogakaya. Agora, o que é a Miríade dos Nirmanakaya? Quando nos preparamos para o mínimo de discriminação e particularização, acontece a transformação; caso contrário, todas as coisas permanecem tão vazias quanto o espaço, como elas são inerentemente. Ao posicionar nossa mente em coisas más, o inferno surge. Ao posicionar nossa mente em atos bons, surge o paraíso. Dragões e serpentes são a transformação do ódio venenoso, enquanto os Bodhisattvas são a clemência personificada. As regiões superiores são o Prajna cristalino, enquanto os mundos inferiores são apenas outra forma assumida pela ignorância e a paixão insensata. Numerosas realmente são as transformações da Essência da Mente! As pessoas sob ilusão não despertam e não entendem; sempre elas submetem suas mentes ao erro, e como hábito praticam o mal. Mas conduzissem elas suas mentes do mal para a retidão mesmo que por apenas um instante, o Prajna surgiria imediatamente. Isto é o que é chamado o Nirmanakaya do Buddha na Essência da Mente. Virtuosa Audiência, o Dharmakaya é intrínsecamente auto-suficiente. Perceber diretamente de momento a momento nossa própria Essência da Mente é o Sambhogakaya de Buddha. Posicionar nossa mente no Sambhogakaya (de forma que a Sabedoria ou Prajna surja) é o Nirmanakaya. Atingir o Esclarecimento por nossos próprios esforços e praticar através de si mesmo a bondade inerente em nossa Essência da Mente, são exemplos genuínos de ‘Tomar Refúgio’. Nosso corpo físico, consistindo de carne e pele, etc., nada além é do que um alberge, (apenas para uso temporário), assim nós não buscamos refúgio nele. Mas deixe-nos perceber o Trikaya de nossa Essência da Mente, e conheceremos o Buddha em nossa Essência da Mente. Eu tenho um poema ‘Sem-Forma’, a recitação e prática do mesmo imediatamente dispersará as ilusões e expiará os deméritos acumulados em numerosos kalpas. Este é o poema:

Pessoas sob ilusão cultivam bênçãos, mas não cultivam o Caminho [o Tao].

Elas afirmam que cultivar bênçãos é [o mesmo que trilhar] o Caminho. Embora seus méritos por oferecer esmolas e oferendas sejam infinitos, (Elas não percebem que) a fonte fundamental dos erros está nos três elementos venenosos (i.e., cobiça, ódio e ilusão) presentes em suas próprias mentes.

Elas esperam expiar seus erros acumulando bênçãos

Sem saber que a felicidade obtida em vidas futuras nada tem a ver com a superação de erros.

Por que não libertar-se dos erros dentro de nossa própria mente, Sabendo que profundamente em nossa Essência da Mente acontece o verdadeiro ato de Contrição?

(Aquele) que percebe o que constitui a verdadeira Contrição de acordo com a Escola de Mahayana, E que cessa de fazer o mal praticando a retidão, está livre dos erros. Um praticante do Caminho que mantém uma constante contemplação de sua Essência da Mente Pode ser colocado entre os vários Buddhas. Nossos Patriarcas não transmitiram outro sistema de Lei além do chamado ‘Súbito’.

Possam todos os seus seguidores experimentar a Essência da Mente diretamente e imediatamente estar entre os Buddhas.

Se vós estiverdes a ponto de buscar o Dharmakaya,

Procure-o além de Dharmalaksana (fenômenos), e então sua Mente ficará pura.

Esforçai-vos de modo a perceber vossa Essência da Mente diretamente e não relaxem, Pois a Morte pode vir repentinamente e pode pôr um fim abrupto a sua existência terrestre.

Aqueles que entendem o ensinamento Mahayana e estão assim hábeis para perceber a Essência da Mente Devem reverentemente juntar as suas mãos (como um sinal de respeito) e fervorosamente buscar o Dharmakaya.

O Patriarca acrescentou então:

Virtuosa Audiência, todos vós devereis recitar estes versos e devereis pô-los em prática. Sendo capazes de perceber vossa Essência da Mente após recitá-los, vós podeis considerar que estais sempre em minha presença, ainda que de fato estejais distante por mil milhas, mas se estiverdes impossibilitados de assim proceder, então mesmo se estivermos juntos cara a cara, nós realmente estaremos separados por mil milhas. Neste caso, qual o sentido de assumir a dificuldade de vir de tão longe até aqui? Tendes cuidado convosco. Adeus.

A inteira assembléia, depois de ouvir o que o Patriarca havia dito, tornou-se esclarecida. Em um estado de espírito muito feliz, eles aceitaram seu ensinamento e o colocaram em prática.

 

Nota:

(1) Os Budistas [e a tradição Hindu em geral] consideram que todas as coisas nada mais são do que fenômenos da mente.


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