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SUTRA DE HUI-NENG - SUTRA DA PLATAFORMA
Capítulo II. Sobre Prajna
O Sutra do VI Patriarca Hui-Neng
NO ALTO ASSENTO "DO TESOURO DO DHARMA"
Traduzido ao Inglês por A.F.Price e Wong Mou-Lam
Traduzido ao Português por Cláudio Miklos


No dia seguinte o Magistrado Wei pediu ao patriarca para dar outra palestra. Portanto, tendo tomado seu assento e pedido para a assembléia purificar a sua mente em conjunto, e após recitar o ‘MahaPrajnaparamita’ Sutra, proferiu as seguintes palavras:

Virtuosa Audiência, a Sabedoria da Iluminação (Bodhiprajna) é inerente a cada um de nós. É devido a desilusão sob a qual nossas mentes trabalham que falhamos em perceber tal coisa por nós mesmos, e portanto temos que buscar os conselhos e as orientações dos iluminados antes que possamos conhecer nossa própria Essência da Mente. Vós deveis saber que até onde a Natureza Búdica diz respeito, não há diferença entre um homem iluminado e um homem ignorante. O que faz diferença é que um percebe isto, enquanto que o outro permanece ignorante disto. Agora, permitam-me falar sobre o Maha Prajnaparamita, de forma que cada um de vós possa obter esta sabedoria.

Virtuosa Audiência, aqueles que recitam a palavra "Prajna" durante todo o dia não parecem saber que Prajna é inerente à sua própria natureza. Pois apenas falar sobre comida não irá suprir nossa fome, e é exatamente o mesmo caso com estas pessoas. Nós poderíamos falar sobre Sunyata (o vazio) por miríades de Kalpas, mas falar apenas não nos vai capacitar para perceber a Essência da Mente, e ao final não servirá para nenhum propósito. A palavra ‘Maha Prajnaparamita’ é Sânscrito, e significa "a grande sabedoria alcançada na margem oposta" (do oceano de existência). O que nós devemos fazer é colocar tal coisa em prática com a nossa mente; recitar ou não esta fórmula não importa. A mera recitação sem a prática mental pode ser comparada a um fantasma, a uma desilusão mágica, um raio de Luz ou uma gota d'água. Por outro lado, se nós fizermos ambos, então nossa mente estará de acordo com aquilo que repetimos oralmente. Nossa verdadeira natureza é Buda, e à parte dessa natureza não há outro Buda.

O que é Maha? Isto significa 'Grande'. A capacidade da mente é tão grande quanto aquela do espaço. Ela é infinita, nem redonda nem quadrada, nem grande nem pequena, nem verde nem amarela, nem vermelha nem branca, nem acima nem abaixo, nem longa nem curta, nem odiosa nem alegre, nem certa nem errada, nem boa nem má, nem primeira nem a última. Todos os Buda Ksetra (Terras Búdicas) são tão vazios quanto o espaço. Intrinsecamente nossa natureza transcendental é vazia e nem um único Dharma pode ser obtido. O mesmo acontece com a Essência da Mente, que é um estado de "vazio absoluto" (i. e., a vacuidade do não-vazio). Virtuosa Audiência, quando vós me ouvires falar sobre o vazio, não caiam inicialmente na idéia da vacuidade, (porque isso envolve a heresia da doutrina da aniquilação). É de fundamental importância que nós nunca nos percamos nesta idéia, porque enquanto um homem sentar-se quietamente e mantiver sua mente em branco ele habitará num estado de "Vacuidade da Indiferença." Virtuosa Audiência, o vazio ilimitado do universo é capaz de suster as miríades de coisas em várias formas e contornos, tais como o sol, a lua, estrelas, montanhas, rios, mundos, cachoeiras, regatos, arbustos, madeiras, bons homens, maus homens, Dharmas pertencentes à bondade ou maldade, planos de Devas, Infernos, grandes oceanos, e todas as montanhas do Mahameru. O espaço abarca a tudo isso, e o mesmo acontece com a vacuidade de nossa natureza. Nós dizemos que a Essência da Mente é grande porque ela abarca todas as coisas, uma vez que todas as coisas são íntimas com a nossa natureza. Quando vemos a bondade ou a maldade das outras pessoas não somos atraídos por isso, nem repelidos por isso, nem ficamos apegados a isso; eis por que nossa atitude da mente é tão vazia quanto o espaço. Desta maneira, nós dizemos que nossa mente é grande. Portanto nós chamamos isso de "Maha."

Virtuosa Audiência, aquilo que o ignorante meramente fala, o homem sábio coloca em verdadeira prática com sua mente. Há também essa classe de pessoas tolas que se sentam quietamente e tentam manter as suas mentes em branco. Elas refreiam seus pensamentos de tudo e chamam a si mesmas de "grandes." No que concerne às suas visões heréticas, nós mal podemos nos comunicar com elas.

Virtuosa Audiência, vós deveis saber que a mente é muito grande em capacidade, uma vez que ela abarca todo o Dharmadhatu (a Raíz da Lei - a Essência do Dharma, isto é, o Universo). Quando a usamos [em parte], podemos saber algo sobre tudo, e quando a usamos em sua inteira capacidade nós iremos conhecer todas as coisas. Tudo em um e o um em tudo. Quando nossa mente trabalha sem limitações e está liberta do "ir" ou "vir", então ela estará em um estado de 'Prajna'.

Virtuosa Audiência, todo Prajna vem da Essência da Mente e não de uma fonte exterior. Não tenham a noção errada sobre isso. Isto é chamado "Auto-usufruto da Natureza Verdadeira". Uma vez que o Tathata (aquilo que é, a Essência da Mente) é conhecido, a pessoa estará livre da delusão para sempre.

Uma vez que o escopo da mente é para grandes objetos, nós não deveríamos praticar atos triviais como esse (como se sentar quietamente com uma mente em branco). Não faleis sobre "vazio" todo dia sem praticá-lo em suas mentes. Aquele que faz assim pode ser comparado a um rei auto-chamado que na verdade é um homem vulgar. Prajna jamais pode ser alcançado desta forma, e aqueles que se comportam assim não são meus discípulos.

Virtuosa Audiência, o que é Prajna? Esta palavra significa "sabedoria". Se em todos os momentos e em todos os lugares nós firmemente mantivermos nossos pensamentos livres de desejos imaturos, e agirmos sabiamente em todas as ocasiões, então estaremos praticando Prajna. Uma única noção imatura é suficiente para afastar Prajna, enquanto que um único pensamento sábio irá trazê-lo de volta novamente. Pessoas em ignorância ou sob a [influência da] desilusão não percebem isso; elas falam sobre isso com suas línguas, mas em suas mentes elas permanecem ignorantes. Elas estão sempre dizendo que praticam Prajna, e falam incessantemente sobre "vacuidade", mas elas nada sabem sobre o "vazio absoluto." "O Coração da Sabedoria" é Prajna, que não é nem forma nem característica. Se nós interpretarmos desta maneira, então na verdade isto será a sabedoria de Prajna.

O que é Paramita? Esta é uma palavra sânscrita, significando "à margem oposta". Figurativamente, ela significa "além da existência e da não-existência." Por estar presa aos objetos sensíveis, a existência ou não existência surge como os altos e baixos do mar revolto, e tal estado é chamado metaforicamente "esta margem"; enquanto que quando o não apego a um estado além da existência e não existência - como a água que flui suavemente - é atingido, é chamado de "margem oposta." Eis por que tal termo é chamado "Paramita."

Virtuosa Audiência, pessoas sob a ilusão recitam o "Maha Prajnaparamita" com suas línguas, e enquanto assim estão recitando pensamentos errôneos e maus surgem. Mais se elas o colocam em prática diligentemente, atingirão a sua "verdadeira natureza." Saber sobre este dharma é saber sobre o dharma do Prajna, e praticar isto é praticar Prajna. Aquele que não pratica desta maneira é um homem comum. Aquele que direciona sua mente para praticar isto mesmo que por apenas um momento será igual ao Buda.

Pois o homem comum é Buda, e Klesa (elementos poluidores) é Bodhi (iluminação). Um tolo pensamento passageiro faz de uma pessoa um homem comum, enquanto que um segundo pensamento iluminado o transforma em um Buda. Um pensamento passageiro que nos liga aos objetos sensíveis é Klesa, enquanto que um segundo pensamento que nos liberta do apego é Bodhi.

Virtuosa Audiência, o Maha Prajnaparamita é o mais exaltado, o supremo, o mais importante. Ele jamais permanece, nem vai, nem volta.

Através dele Budas do presente, do passado, e de futuras gerações atingem o estado búdico. Deveríamos usar esta grande sabedoria para quebrar os cinco Skandhas (4) pois seguir tal prática assegura a obtenção da Natureza Búdica. Os três elementos venenosos (cobiça, ódio e ignorância) serão transformados em Sila (boa conduta), Samadhi e Prajna.

Virtuosa Audiência, neste meu sistema um Prajna produz 84 mil formas de sabedoria, uma vez que há o mesmo número de "elementos poluidores" com os quais temos de lidar; mas quando a pessoa está livre desses elementos poluidores, a sabedoria se revela por si mesma, e não estará mais separada da Essência da Mente. Aqueles que entendem esse Dharma serão livres de pensamentos superficiais. Estar livre de ser envolvido por um pensamento particular, de estar ligado ao desejo, e da falsidade; colocar a sua própria essência do Tathata em operação; usar Prajna em contemplação, e buscar uma atitude nem de indiferença nem de apego diante de todas as coisas -- eis o que acontecerá pela realização de nossa própria Essência da Mente com a obtenção da Natureza Búdica.

Virtuosa Audiência, se vós desejais penetrar no mais profundo mistério do Dharmadhatu e do Samadhi de Prajna, vós deveis praticar Prajna recitando e estudando o Vajracchedika Sutra (Sutra do Diamante) o qual irá capacitar-vos de realizar a Essência da Mente. Vós deveis saber que o mérito de estudar este Sutra, como é claramente explicado no texto, é imensurável e ilimitado, e não pode ser enumerado com detalhes. Este Sutra pertence a mais alta escola do budismo, e o senhor Buda o proferiu especialmente para os mais sábios e de rápido discernimento. Se os menos sábios e os de baixo discernimento pudessem ouvir sobre ele iriam duvidar de sua credibilidade. Por que? Por exemplo, se chovesse em Jambudvipa (o Continente Sul), através do milagre dos Nagas celestiais, cidades, aldeias, e vilarejos seriam levados pela correnteza, como se fossem apenas folhas de uma tamareira. Mas se tivesse chovido no grande oceano, o nível do mar como um todo não iria ser muito afetado por isso. Quando os Mahayanistas ouvem o Vajracchedika suas mentes se tornam esclarecidas; eles sabem que Prajna é imanente em sua Essência da Mente e que eles não precisam confiar na autoridade das escrituras, uma vez que eles podem fazer uso de sua própria sabedoria pela constante prática da contemplação.

O Prajna imanente na Essência da Mente de todos pode ser comparado à chuva, à umidade na qual se refrescam todas as coisas vivas, árvores e plantas assim como os seres vivos. Quando os rios e os riachos alcançam o mar, as águas por eles carregadas se fundem em um só corpo; esta é outra analogia.

Virtuosa Audiência, quando a chuva cai em uma inundação, plantas que não estiverem profundamente enraizadas serão levadas pela corrente, e eventualmente irão sucumbir. Assim é o que acontece com os de curto discernimento, quando ouvem acerca dos ensinamentos da Escola "Súbita".

O Prajna imanente neles é exatamente o mesmo que está em qualquer homem sábio; mas eles falham em esclarecer a si mesmos quando o Dharma se faz conhecer às suas mentes. Por que? Porque eles estão grosseiramente velados por visões errôneas e elementos poluidores profundamente enraizados, da mesma forma que o sol pode ser fortemente velado pelas nuvens e ser incapaz de mostrar sua luz até que o vento sopre tais nuvens para longe. Prajna não varia nas diferentes pessoas; o que faz diferença é se a mente é esclarecida ou está em estado de delusão. Aquele que não conhece sua própria Essência da Mente, e está sob a delusão de que a Natureza Búdica pode ser obtida pelos ritos religiosos externos é chamado "o de pequeno discernimento". Aquele que conhece o ensinamento da escola "súbita" e não se apega a idéia de dar grande importância aos rituais, e cuja mente funciona sempre sob a visão correta, de forma a estar absolutamente livre dos elementos poluidores ou contaminações, é dito que conheceu sua Essência da Mente.

Virtuosa Audiência, a mente poderia ser enquadrada de tal forma que se tornaria independente de objetos internos ou externos, em liberdade para ir e vir, livre de apegos e profundamente esclarecida sem o menor ocultamento. Aquele que é capaz de fazer isso está sobre os mesmos padrões requeridos nos Sutras da escola Prajna.

Virtuosa Audiência, todos os sutras e escrituras do Mahayana e Hinayana, assim como as doze sessões dos escritos canônicos, foram preparados para se encaixar nas diferentes necessidades e temperamentos de várias pessoas.

É sob o princípio de que Prajna está latente em todo homem que as doutrinas expostas nesses livros foram estabelecidas. Sem seres humanos não existiriam dharmas, uma vez que nós sabemos que todos os dharmas são feitos por homens, e que todos os sutras devem sua existência aos seus pregadores. Uma vez que alguns homens são sábios, assim chamados "homens superiores", e alguns são ignorantes, assim chamados "homens inferiores", o sábio ensina ao ignorante quando o último lhe pede para assim fazer.

Através disso o ignorante pode atingir o súbito esclarecimento, e sua mente se torna portanto iluminada. E assim ele não será mais diferente dos homens sábios.

Virtuosa Audiência, sem o Esclarecimento não poderia haver diferença entre um Buda e os outros seres vivos; um vislumbre do esclarecimento é suficiente para fazer qualquer ser vivo se tornar igual a um Buda. Uma vez que todos os dharmas são imanentes em nossa mente, não há razão por que nós não deveríamos perceber intuitivamente a real natureza do Tathata (estado de ser o que é). O Bodhisattva Sila Sutra diz, "nossa Essência da Mente é intrinsecamente pura, e se nós conhecêssemos nossa mente e percebêssemos qual é a nossa natureza, todos nós iríamos atingir o estado búdico." Como foi dito no Vimalakirti Nirdesa Sutra, "de uma vez eles se tornam esclarecidos e resgatam a sua própria mente."

Virtuosa Audiência, quando o quinto patriarca pregou para mim, eu me tornei esclarecido imediatamente após ele ter falado, e espontaneamente percebi a real natureza do Tathata. Por essa razão é meu objetivo pessoal propagar os ensinamentos dessa escola "súbita", de forma que os estudiosos possam encontrar Bodhi de uma vez e perceber sua verdadeira natureza pela introspecção da mente.

Falhando estes em atingir esclarecimento por si mesmos, deveria buscar piedosos e esclarecidos Budistas que entendam o ensinamento da Mais Alta Escola para demonstrar o correto caminho. Esta é uma atividade excelente, o ofício de um piedoso e esclarecido Budista que guia e orienta a outros em direção à realização da Essência da Mente. Através de sua assistência alguém pode se iniciar em todos os dharmas meritórios. A sabedoria dos Budas do passado, do presente e do futuro assim como os ensinamentos das doze sessões do Cânone são imanentes em nossa mente; mas no caso de falharmos a em esclarecer a nós mesmos, temos que buscar a orientação daqueles piedosos e esclarecidos. Por outro lado, aqueles que esclarecem a si mesmos nenhuma necessidade têm de ajuda externa. É errado insistir na idéia de que sem a orientação dos piedosos e esclarecidos não podemos obter a liberação. Por quê? Porque é através de nossa inata sabedoria que esclarecemos a nós mesmos, e mesmo a ajuda e instruções externas de amigos piedosos e esclarecidos seria inútil se nós estivéssemos deludidos por falsas doutrinas e errôneos pontos de vista. Sendo capaz de sintonizar nossa mente com o Prajna real, todos os errôneos pontos de vista serão superados imediatamente, e tão logo nós conheçamos a Essência da Mente nós alcançaremos imediatamente o estado de Buda.

Virtuosa Audiência, quando usamos Prajna para a introspecção estamos iluminados por dentro e por fora, em uma posição de conhecer nossa própria mente. Conhecer nossa mente é obter a liberação. Obter a liberação é atingir o Samadhi de Prajna, que é "Não-Pensamento." O que é "Não-Pensamento"? "Não-Pensamento" é ver e conhecer todos os dharmas (coisas) com uma mente livre de apegos. Quando em uso a mente plena abrange todas as coisas, e todavia ela não se adere à coisa nenhuma. O que nós devemos fazer é purificar a nossa mente de forma que os Seis Vijnanas (elementos de consciência), ao passar através dos cinco portões (órgãos dos sentidos), não sejam poluídos nem fiquem presos aos seis objetos dos sentidos. Quando nossa mente trabalha livremente sem nenhuma limitação, está em liberdade para "vir" e "ir", e atingimos o Samadhi de Prajna, ou liberação. Tal estado é chamado de função do "não-pensamento." Mas evitar o pensamento de qualquer coisa, de forma que todos os pensamentos fiquem reprimidos, é ser um opressor do Dharma, e este é um errôneo ponto de vista.

Virtuosa Audiência, aqueles que entendem o caminho do "não pensamento" irão conhecer tudo, irão ter a experiência que todos os Budas tiveram, e atingir a Natureza Búdica. No futuro, se um iniciado em minha escola fizer o voto em companhia de seus companheiros discípulos para devotar toda sua vida sem desistência à prática dos ensinamentos da Escola "Súbita", com o mesmo estado de espírito como se estivesse servindo a Buda, ele irá alcançar sem erro a Caminho [Tao] Sagrada. (Aos homens corretos) ele deveria transmitir de coração para coração as instruções passadas de um patriarca para outro; e nenhuma tentativa deveria ser feita para esconder o ensinamento ortodoxo. Para aqueles que pertencem a outras escolas, e cujos pontos de vista e objetos são diferentes dos nossos o Dharma não poderia ser transmitido, uma vez que isto não seria benéfico para eles. Tal atitude deve ser feita para se evitar que pessoas ignorantes e que não compreendem corretamente o nosso sistema possam fazer comentários caluniosos sobre ele e portanto aniquilar a sua [deles mesmos, devido a sua falta de sabedoria] semente de estado búdico por centenas de Kalpas e milhares de renascimentos.

Virtuosa Audiência, eu tenho um poema "sem forma" para vós todos recitardes. Tanto os leigos quanto os monges deverão pôr tais ensinamentos em prática, sem o qual seria inútil relembrar as minhas palavras apenas.

Ouçem este poema:

Um mestre do cânone Budista assim como do ensinamento da escola Dhyana
Pode ser comparado ao sol abrasador posicionado alto em sua torre meridional.
Tal homem não irá ensinar nada além do Dharma para a realização da Essência da Mente,
E seu objetivo de vir para este mundo será o de derrotar as práticas errôneas.
Nós podemos grosseiramente classificar os Dharmas em "súbitos" e "graduais",
Mas alguns homens irão atingir o esclarecimento mais rápido do que outros.
Por exemplo, este sistema de atingir a Essência da Mente
Está acima da compreensão dos ignorantes.
Nós podemos explicar isto de 10.000 maneiras,
Mas todas estas explicações podem ser resumidas em um único princípio.
Para iluminar o nosso obscuro tabernáculo, que está maculado pelos elementos poluidores,
Devemos constantemente buscar a Luz da Sabedoria.
Errôneos entendimentos mantêm-nos maculados
Enquanto que entendimentos corretos nos removem disto,
Mas quando estamos numa posição de descartar a ambos
Nós então estaremos absolutamente puros.
Bodhi é imanente em nossa Essência da Mente,
E tentar buscar por isso em outro lugar é errôneo.
Dentro de nossa mente impura a pura poderá ser encontrada,
E uma vez que nossa mente é corretamente organizada, estamos livres das três espécies de obscurecimentos (ódio, cobiça e ignorância).
Se nós estivermos trilhando a Caminho [Tao] da Iluminação
Não necessitamos nos preocupar com as pedras do caminho.
Desde que mantenhamos o olhar constante em nossas próprias faltas
Nós não iremos nos extraviar do caminho correto.
Uma vez que todas as espécies de vida têm o seu próprio modo de salvação
Elas não irão interferir entre si ou serão antagonistas umas das outras.
Mas se nós deixarmos nosso próprio caminho e procurarmos algum outro modo de salvação
Nós não iremos encontrar,
Embora nos esforcemos até a morte nos levar
Apenas encontraremos deméritos no fim.
Se tu desejas encontrar o verdadeiro caminho
A correta ação irá levar-te diretamente para ele;
Mas se tu não te esforças em busca da Natureza Búdica
Irás tatear no escuro sem jamais encontrá-la.
Aquele que segue a Caminho [Tao] com diligência
Não verá os erros do mundo;
Se encontrarmos faltas em outros
Nós também estaremos em erro.
Quando outras pessoas cometerem erros, devemos ignorá-lo,
Pois não é bom para nós fazer julgamentos.
Por saber superar o hábito de criticar as faltas
Nós cortaremos a fonte dos elementos poluidores.
Quando nenhum ódio nem paixão perturbam nossa mente
Serenamente nós dormimos.
Aqueles que pretendem ser professores de outros
Devem eles mesmos ser talentosos nos vários expedientes que conduzem os outros ao esclarecimento.
Quando o discípulo está livre de todas as dúvidas
Isso indica que sua Essência da Mente foi encontrada.
O Reino de Buda está neste mundo,
Dentro do qual o esclarecimento pode ser procurado.
Procurar esclarecimento se separando deste mundo
É tão absurdo quanto buscar chifres em um coelho.
Visões corretas são chamadas "transcendentais";
Visões errôneas são chamadas "mundanas."
Quando todas as visões, certas ou erradas, estão descartadas
Então a essência de Bodhi aparece.

Este poema é para a Escola "Súbita".
Que é também chamada de "Grande Barca do Dharma" (para singrar o oceano da existência).

Kalpa após Kalpa, o homem pode estar sob delusão,

Mas uma vez iluminado basta-lhe apenas um momento para atingir a Natureza Búdica.

Antes de concluir, o Patriarca acrescentou, "Agora, neste templo Tai Fan, eu vos falei sobre os ensinamentos da Escola ‘Súbita’. Possam todos os seres do Dharmadhatu instantaneamente compreender a Lei e atingir a Natureza Búdica."

Após ouvir o que disse o Patriarca, o Magistrado Wei, os oficiais do governo, Taoístas e leigos ficaram todos esclarecidos. Eles fizeram reverência em um só corpo e exclamaram unanimemente, "Bendito! Bendito!

Quem poderia esperar que um Buda tivesse nascido em Kwong Tung?"


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