logo FALE CONOSCO
shunya meditação mestres textos zen dzogchen links

A Palavra Secreta
Ryotan Tokuda Igarashi
Texto extraído de
www.geocities.com/~bodisatva


Mestre Daisetz Suzuki foi quem apresentou o Zen ao Ocidente, no livro "Mística Cristã e Budismo". Nesse livro, mestre Suzuki fala muito em mestre Eckart. Assim, quando se fala em mestre Eckart, todos lembram do Zen-Budismo. Quando orientais tomaram contato com a obra de mestre Eckart sentiram-se como que lendo textos budistas. Sua linguagem, apesar de falar em Deus, expressa o Budismo, especialmente o Zen.

Monge Tokuda — 25 de outubro de 1989



Hoje vou falar sobre a "palavra secreta". Esta expressão "palavra secreta" é o título de um capítulo do livro de mestre Dogen, o Shobogenzo.

Mestre Eckart diz:

Eu vou em primeiro lugar falar das palavras da sabedoria eterna. Quem quer que me ouça não fique envergonhado. Quem quiser ouvir a sabedoria eterna do Pai deve estar dentro e em casa; deve ter se tornado uno. Então ele pode ouvir a sabedoria eterna do Pai.

Existem três coisas que nos impedem de ouvir a palavra eterna: a primeira é a corporalidade, a segunda é a multiplicidade e a terceira é a temporariedade. Se o homem conseguisse transcender estas três coisas, ele moraria na eternidade. Ele moraria no mundo do espírito, ele moraria na unidade e no deserto, e ali ele ouviria a palavra eterna.

Agora, Nosso Senhor diz "não há quem ouça a minha palavra ou o meu ensinamento a menos que tenha abandonado a si mesmo, pois para ouvir palavra de Deus é preciso um absoluto perder do ego". Portanto, Nosso Senhor diz "Quem quiser ser meu discípulo, que abandone seu próprio ego. Não existe quem possa ouvir as minhas palavras ou o meu ensinamento a menos que tenha abandonado o ego. Todas as coisas nada são em si mesmas, por isso, abandonem este nada e assumam o perfeito ser no qual a vontade é justa. Aquele que abandonou toda a sua vontade, saboreia o ensinamento e ouve as minhas palavras."

Vivendo neste mundo, isso não é tão fácil. Os budistas usam a expressão "mundo saha", e "saha" significa terra de paciência, ainda que não totalmente infeliz. Um pouco infeliz, mas também onde se vivencia alguma felicidade. Não há só sofrimento, mas também felicidade — um pouco de cada. Eu sempre brinco, em primeiro lugar é importante ter paciência, em segundo lugar paciência e em terceiro também paciência; em quarto lugar, ah, em quarto nada, e em quinto, sim, novamente paciência (risos...). Neste mundo a gente precisa de muita paciência.

Muitas pessoas sofrendo suas dores vão visitar as igrejas e rezam para Deus. Você, rezando, pedindo, alguma vez escutou a voz de Deus? Talvez sim, ou, tendo ouvido algumas respostas, pense que sim. Muitas pessoas perguntam o que é realmente a palavra de Deus. Alguns respondem: é silêncio. Mas mestre Eckart diz que não, este é um método ainda, não é exatamente a palavra de Deus.

Muitos amam a Deus como se ama uma vaca, esperando leite e queijo. Então rezam a Deus esperando uma coisa em troca. Este não é, entretanto, o verdadeiro amor a Deus. As pessoas têm medo de Deus, agradecem a Deus ou recebem muita coisa de Deus, mas ás vezes têm dúvidas. Deus é isto? Deus existe? Onde está?

A finalidade tanto cristã como budista é encontrar Deus, encontrá-lo intimamente. Isto é muito importante. Por isso, praticar através de livros sagrados é muito importante, mas é necessário praticar também através da contemplação, mas contemplar realmente. Rezar interiormente; isto já é meditação, concentração, e então nós podemos encontrar com Deus. Nesse momento podemos escutar a voz de Deus, a palavra de Deus. Na teologia cristã, a palavra de Cristo é a palavra de Deus, ele veio a este mundo para revelar o que é Deus. Aqui temos também a palavra de mestre Dogen e de mestre Eckart.

Mestre Eckart diz:

Há uma afirmação comum a todos sábios: "quando tudo estava em meio ao silêncio, desceu a mim uma palavra secreta, desde o trono real do alto."

A alma onde isto acontece deve ser mantida completamente pura e viver de maneira nobre completamente em posse de si mesma e voltada inteiramente para dentro.

Em primeiro lugar vamos tomar as palavras "em meio ao silêncio foi falada uma palavra secreta". Mas, meu caro Senhor, onde está o silêncio e onde está o lugar onde a palavra é falada ? Como acabei de dizer, está no lugar mais puro onde a alma é capaz de chegar, na parte mais nobre, no chão de fato, na essência mesma da alma, que é justamente a parte mais secreta da alma. Ali é que está o silencioso meio, pois nenhuma criatura, nenhuma imagem jamais entrou ali. Nem a própria alma teve desse lugar qualquer compreensão, portanto, ela não está consciente ali de nenhuma imagem, quer seja de si mesma ou de qualquer outra criatura.

Mestre Eckart fala que para escutar a voz ou a palavra de Deus existem três tipos de obstáculos, primeiro a corporalidade, depois a multiplicidade e a temporariedade. É necessário transcender esses três obstáculos. A grande dificuldade é que neste mundo é exatamente com esses três aspectos que existimos. Com a corporalidade nascemos, recebemos este corpo até morrer. Com isto você existe, com isto eu estou aqui, você está aí. Já o tempo instala-se quando nascemos, e depois nos conduz à morte. Assim, para viver eternamente você não pode nascer. Quando nasce há morte. Por isso o Zen usa a expressão "não-nascido". Antes de nascer, qual era sua face original? Antes de seus pais nascerem, qual era sua face original? Como é sua face original? A busca do Zen é isto: o chão, a origem de onde você veio. Corporalidade,. temporariedade e multiplicidade, ou seja, dualidade. Eu sofri tanto com isso! Estou aqui e você está aí. Então há o conflito. Todas as coisas apresentam isso. Bem e mal, rico e pobre, velho e moço, etc... Neste mundo tudo, tudo apresenta-se assim. Como podemos transcender isso? Mestre Eckart diz: "quando tudo estava em meio ao silêncio, então desceu a mim a palavra secreta." Este silêncio é nirvana. A gente encontra o silêncio em todas as linhas de religião e filosofia. Fase silêncio é uma preparação para se ter esta experiência que é original, a experiência religiosa, mística.

Existem dois tipos de religiões, as religiões místicas — de busca e contato direto — e as outras, as religiões de profetas, com muitas regras, etc, que todos devem seguir. O Zen é talvez mais ligado à experiência mesmo de união com Deus. Neste caso é necessário o silêncio; meditação é silêncio, e com isto ocorre a experiência mística. Quando há internamente aquele silêncio, aquela tranqüilidade, aquela calma, nesse momento você vai ouvir a voz de Deus. Este estado, nirvana, mestre Eckart compara com o deserto, com o deserto cheio de areias. Hoje em dia vemos os documentários da televisão sobre o deserto e vemos que é cheio de vida, de insetos e plantas pequeninas. Mas deserto, deserto mesmo, não tem nenhuma vida, é morto. Esta é a experiência de morte religiosa. Não falando fisicamente, mas espiritualmente morte religiosa é uma experiência muito forte, muito importante, só assim é possível o verdadeiro renascimento. Nesta vida é necessário aprender a esquecer, desligar, perder até; isso é doloroso, mas depois ganha-se a verdadeira vida. É como na corrida de maratona: quando chega-se em certo ponto, surge a crise, parece impossível prosseguir, há dificuldade de respiração, dores, cansaço, o cor arece não poder ir além, isto é chamado de "dead point", ponto-da-morte seria o significado. Quando, no entanto, ultrapassa-se esse ponto, tudo fica leve e fácil e pode-se correr até o final.

Mesmo os jogadores de tênis, nadadores ou jogadores de futebol passam por treinamento, dificuldades e superações. O zazen também apresenta dores, dificuldades. Os joelhos doem com as pernas cruzadas, as costas doem, mas é preciso viver esta experiência.

Mestre Dogen nasceu exatamente no ano de 1200 e morreu com 53-54 anos, relativamente moço. Já mestre Eckart nasceu em 1263. Um morreu, o outro nasceu. Apesar de viverem em países diferentes, ambos falam da mesma experiência. Mestre Dogen começou a escrever livros em língua japonesa numa época em que os monges escreviam sempre em chinês. Hoje em dia os pesquisadores de literatura japonesa clássica estudam o Shobogenzo como literatura, não apenas como o livro sagrado do Zen.

Com mestre Eckart ocorreu algo semelhante. Hoje os estudiosos da língua germânica debruçam-se sobre a obra de mestre Eckart porque ele dava seus sermões e aulas na língua da época e não no latim que era a língua oficial. Ele tem estudos feitos em latim também, mas costumava usar a língua germânica para seus sermões e obras e seus contatos com discípulos, freiras e leigos.

O que ele diz é o seguinte: "É difícil falar alguma coisa sobre Deus; tudo o que pode ser dito sobre Deus são enganos. Quando não se fala sobre Ele, é verdade." Mas, de outro lado, mestre Eckart também diz, "eu gosto de falar de Deus". Não se pode falar, mas ele quer e gosta de falar. Aí há um conflito de energias — é por viver certo tipo de experiência que ele não pode ficar calado. Mesmo que não exista ninguém aqui, eu quero falar com esta mesa. Quero falar. Há este impulso, mas o que se pode falar sobre Deus? O que não se pode falar? Isto o Zen-Budismo, de certo modo, desenvolveu: a clareza do aspecto limitado da linguagem e das palavras. Esse capítulo do Shobogenzo sobre a palavra secreta fala sobre isto. Em outro capítulo, de título curioso, "0 sermão dos seres insensíveis", também mestre Dogen fala sobre isto.

Buda ganhou a iluminação — Budakaia. Surgiu-lhe então aquela dúvida: "Eu consegui isto, este Darma, mas quem poderia compreendê-lo? Este Darma é muito diferente das coisas do mundo. Totalmente diferente, muito difícil de entender." Ele então procurou dois de seus primeiros professores, mas estes já haviam morrido. Aí lembrou-se de seus cinco últimos companheiros. Quando Buda tornou-se monge, o rei, seu pai, mandou cinco companheiros treinar com ele. Depois de seis anos de treinamento como asceta, Gotama abandonou o treinamento porque compreendeu que esse não era o verdadeiro caminho. Abandonou o ascetismo, e, por conta própria, começou a prática de zazen sob a árvore Bodhi, atingindo assim a iluminação e libertação completas.

Hoje em dia, abrindo o mapa, de Budagaia a Sarnath — onde houve o primeiro sermão para os cinco monges — há muita distância mesmo para quem for de carro, muito mais se considerarmos que Buda foi a pé. Quando estava chegando em Sarnath, um dos seus ex-discípulos disse: "Lá vem Gotama. Ele abandonou a prática ascética, mas se quiser voltar para nós não há problema, a gente deixa, mas já não precisamos respeitá-lo como antigamente pois ele abandonou a prática." Mas enquanto Buda aproximava-se mais e mais, mesmo nada tendo feito, os cinco monges levantaram-se, um preparou água para lavar seus pés, o outro preparou um lugar para ele sentar, o outro logo trouxe alguma comida ou chá, e assim todos os cinco, mesmo sem notar, estavam preparando e dando as boas-vindas ao Buda.

Por que isso? É algo fora do comum. Isso é reconhecido como o sermão da luz radiante. Antes que ele começasse a falar, já havia a luz radiante. Esse foi o primeiro sermão. Com isso as pessoas já estavam preparadas inconscientemente, levantando-se e dando as boas-vindas. Assim, percebendo inconscientemente a luz radiante, eles estavam já preparados para o que Buda iria dizer. Esse sermão da luz radiante mostra que o sermão não é apenas o que sai pela boca.

E eles começaram falando, "você, Gotama", e Sakiamuni disse: "Não, de agora em diante vocês não devem mais chamar-me de bo (você), mas de Buda ou Tatagata". "Tatagata" significa "aquele que vem e que vai". Como é o nome de Deus? Deus é Deus, não tem nome. Da mesma forma Buda, não sendo uma pessoa, responde, "eu sou Tatagata".

E a seguir o Tatagata começou a falar as quatro nobres verdades. Imediatamente um dos discípulos entendeu; no segundo dia dois ou três compreenderam e finalmente todos os cinco entenderam, ganharam a iluminação, tornaram-se Arhats. Então Buda prosseguiu sua vida de sermões e ensinamentos. É preciso lembrar, no entanto, que antes do sermão com as palavras, já ocorrera o sermão da luz radiante.

Para nós, monges Zen, o importante não é a boca que fala. As pessoas falam, falam, falam e não fazem o que falaram. O importante é observar o "sermão do corpo físico", o "sermão da atitude", o "sermão da atividade do corpo físico". Com atitude não se pode mentir, já a palavra, às vezes para impressionar, mistura mentiras. Às vezes eu falo o que não faço com a própria experiência. Isso é mentira. A boca pode mentir, mas com as "costas" não se pode mentir. O que as costas falam não contém mentiras. As crianças têm problemas, o pai e a mãe chegam e dizem, "meus filhos têm problemas". Mas os filhos fazem exatamente o que pai e mãe fazem! Não adianta dizer, "você não pode fazer isto, meu filho", o pai e a mãe estão praticando aquilo também, e os filhos apenas imitam exatamente o que vêem. O pai fala, mas nas suas costas, inconscientemente, a mensagem é diferente e o filho está vendo isso.

Chegando ao mosteiro, o noviço pensa que vai ouvir grandes sermões, grandes aulas, mas nada disso acontece. O mosteiro mantém silêncio e até os mestres mantêm a prática de agricultura, com enxada e foice. Vendo aquela maneira de limpar o jardim, sente-se que é diferente; mesmo na limpeza com vassoura nota-se a diferença. O mesmo se dá com qualquer tipo de atividade e é a característica das artes marciais. Quando se vê alguém praticando o katá, há quantos anos a pessoa repete o mesmo katá, o mesmo golpe? No primeiro ano está praticando o katá, depois, no segundo ano, no terceiro; no quinto ano já há algo diferente.

Com a prática de zazen se dá o mesmo. Eu gosto de usar esta imagem: no início, quando uma pessoa começa o hábito de tomar cachaça, a pessoa e a cachaça são duas coisas separadas. Depois há um segundo estado, a cachaça toma cachaça. Você toma cachaça, fica um pouco bêbado e o coração fica grande. No início você diz, "quero apenas um pouquinho, bem pouquinho, é só, obrigado", depois você diz, "é gostoso, traga outra garrafa"... Aí a cachaça, ela mesmo já está chamando mais cachaça. No início ele bebia a cachaça, agora, neste momento, a cachaça passa a bebê-lo... (risos) Assim é o processo de treinamento. No início é necessário esforço, fazendo zazen, acordando cedo, agüentando dores, etc. Você está fazendo zazen, fica contente, mostra orgulho, etc... — a dualidade ainda está presente. Depois, com a continuidade da prática de zazen, da mesma forma que a cachaça chama a cachaça, o zazen chama o zazen. Não sei bem por que, mas fica o costume de sentar constantemente em zazen.

Ás vezes eu não tenho vontade, estou cansado, com preguiça, mas onde eu vou — é meu karma — existem grupos de zazen esperando para a prática de zazen. Então digo, "vamos sentar". Não posso dizer, "ah, estou cansado, a viagem foi muito cansativa, preciso dormir mais, etc...", devo estar de acordo, sentar junto. Algumas vezes durante o zazen chego a dormir (risos), mas acompanho o zazen. Neste caso eu sou fraco, e o Darma é forte. Olhando de outro lado, isto é bom. Quanto mais fraco você for, melhor. Sendo forte, há o ego, você diz, "eu sou forte, pratico o zazen"... — o ego está presente.

Bem, mas estava falando sobre a palavra secreta...

No Shobogenzo se conta, "...uma vez o mestre Ungan Donjo recebeu um ministro". Naquela época acontecia isto, ministros, escritores, artistas praticavam zazen. Como aconteceu também nos Estados Unidos, com muitos hippies, poetas e cantores que praticavam meditação, na época do movimento contra a guerra do Viet-Nam. Então, na história, um ministro chegou ao mosteiro e perguntou ao mestre: "Falam que Buda Gotama transmitiu a palavra secreta a Makakasho, que a compreendeu e não a escondeu; o que significa isto, a palavra secreta de Buda?"

Então o mestre Ungan Donjo dirigiu-se ao ministro dizendo, "ministro!" E este respondeu, "sim!" O mestre completou: "É só isto, entendeu? Se você entendeu, entendeu, e então Makakasho não escondeu. Se você não entendeu, pode então compreender por que esta é chamada de a palavra secreta de Buda."

Vocês entenderam? (risos...) Isto é um koan. Este é um típico koan Zen — fica-se tonto. É preciso voltar atrás e lembrar um pouco a história toda dessa transmissão contínua do Darma. O importante, o essencial na vida do Zen é a transmissão do Darma, este ensinamento que vem de Buda diretamente, e após, de mestre a discípulo através dos budas e patriarcas. O primeiro foi o Buda Gotama, que transmitiu para seu discípulo Makakasho. Desde o momento em que Buda ganhou a iluminação, com 35 anos, até finalizar sua vida, com 80 anos de idade, não se fixou em nenhum lugar, sempre andando, andando, pregando o ensinamento durante 45 anos em mais de 360 lugares diferentes.

Na última parte de sua vida, ficando velho, uma vez uma pessoa ofereceu-lhe uma flor e pediu, "por favor, dê um sermão com esta flor". Essa flor chamada "udombara" abre uma vez a cada cem anos ou uma vez a cada mil anos, ou seja, é algo muito raro. "Por favor, dê-nos um sermão sobre esta flor", pediu a pessoa. Buda aceitou a flor e todos ficaram esperando o que haveria ele de dizer.

Nesse momento Buda não falou nada, apenas mostrou a flor diante da congregação dos monges. Mas aconteceu que entre os monges estava Makakasho, um dos primeiros de seus discípulos e posteriormente seu sucessor, que então, em meio à assembléia, abriu um grande sorriso.

Geralmente Makakasho fazia um treinamento muito duro. Ele tinha nascido em uma família da elevada casta dos brâmanes, e mantinha o treinamento de simplicidade de vida, tanto em roupa como em comida e moradia. Não buscava luxo, nem comida de monges, apenas aceitava o que ganhava. Assim era o seu esforço: treinamento duro, cara fechada. No entanto, ele abriu o sorriso!

Vendo isso, vendo o sorriso de Makakasho, Buda disse: "Eu tenho o Shobogenzo, o tesouro que é o Olho do Darma Correto, e transmiti tudo a Makakasho". Assim foi transmitido a Makakasho o ensinamento essencial de Buda; todos viram, mas nada entenderam do que havia efetivamente se passado.

Então Buda passou, como símbolo de transmissão, o kesa, ou seja, o seu manto dourado, e uma tigela que ele usava sempre. Além de Makakasho ter recebido a tigela e o manto, recebeu uma coisa especial, a palavra secreta!

Já Mestre Eckart diz: "0 que eu ouvi do Pai, não escondi de vocês." É isto. Mestre Eckart viveu aquela experiência original, escutou a palavra de Deus e por isso dispôs-se a falar sobre essa palavra. Mas para falar essa palavra ele tem que tê-la ouvido e tem que ter a força para que a pessoa possa também ouvi-la. Os que quiserem ouvir devem estar preparados. Precisam de silêncio, precisam estar afastados da prática do ego, só nesse momento você pode escutar. O koan do mestre Ungan Donjo ao ministro se dá no contexto desta experiência de transmissão.

Assim, além da transmissão via tigela e manto, houve algo muito especial transmitido, como entre pai e filho, somente como entre pai e filho. Outra pessoa, mesmo vendo, não compreende. Mas Mestre Eckart diz, "do que ouvi nada escondi para vocês". E assim, na verdade, para escutar essa palavra você tem que se retirar.

Nesse momento, então, o que acontece? Unidade! Unidade é intimidade. Buda torna-se "um" com o discípulo. O pai treina o filho, é isto, e assim o filho torna-se o pai também.

Trindade é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas mestre Eckart diz "Gotheit", origem de Deus. Antes de termos as três coisas se aradas temos uma unidade onde retornamos. Então o Pai tornou-se Filho.

Há uma outra história que mestre Eckart conta. Havia um casal, marido e mulher, e por acidente ou doença ela perdeu a visão. Ficou muito triste, mas o marido a tratava com muito carinho, e a consolava. A esposa falou, "estou triste não porque perdi a visão, mas porque por isso vou perder o seu amor". Mas o marido disse, "você não precisa preocupar-se, eu gosto de você, eu a amo", e, tomando uma agulha, furou seus olhos e disse "bem, agora estou cego igual a você".

Da mesma forma, Deus está lá, absoluto, eterno, paz infinita, mas escolhe fazer-se carne e vir ao mundo, e, perdendo a visão, fica igual a nós. Jesus Cristo é Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus Cristo é Pai também. É assim que mestre Eckart expressa como nasceu o único Filho de Deus. O Cristianismo tem certas dificuldades quanto a este aspecto; pode gente tornar-se Deus? Não.

Já no Budismo não há isto. Buda significa "desperto". Todos temos a natureza de Buda e então temos a possibilidade de tornarmo-nos Buda também. Pode o Cristianismo dizer que as criaturas venham a tornar-se Deus? Parece difícil. Mas para Eckart, sim! Quando escutar a palavra de Deus, a palavra secreta, oculta, eterna, interna, você se torna o único Filho de Deus. Tornar-se Filho significa adquirir a capacidade de ser Pai.

Neste mundo todos querem viver eternamente, mesmo sabendo que devem morrer. Então como fazem? Casando..., virão os filhos. Como os filhos até certo ponto têm a mesma qualidade dos pais, ao crescer vão casar e por sua vez terão filhos. Dessa forma algo transmite-se eternamente. O desejo sexual não é só prazer não, é a necessidade imensa de viver eternamente.

Com a religião é diferente, é entrar naquela dimensão absoluta onde não há mais nascimento e morte, é o estado eterno, absoluto. Isto é nirvana, e vivendo-se este estado de nirvana não há mais vida e morte. Religião é isso, e dessa maneira vive-se eternamente.

O Pai tornou-se Filho, mas isso não significa que é algo ocorrido entre criaturas. Quando falamos "criatura", há imediatamente duas individualidades "criador" e "criatura", e há ainda o tempo. Quando falamos no tempo, surgem todos os defeitos deste mundo. O que nasce, já está condenado a morrer. Somos mortais. Viver eternamente significa transcender. Quando mestre Eckart usa esta palavra "nascimento", para ele isto significa que Deus nasceu neste mundo sem perder a qualidade de ser Deus que foi capaz de viver a simultaneidade original, transcendental, e a simultaneidade histórica.

Jesus Cristo viveu neste mundo por trinta e três anos. Nasceu em Nazaré e morreu. Mas nasceu, viveu e morreu durante esse tempo em uma simultaneidade, ou seja, naquele lugar fundo no chão onde há o absoluto e eterno. Mostrou para nós o corpo físico, sofreu igualmente na cruz, mas alguma coisa mostrou-se transcendente. Dizer que o único filho de Deus nasce dentro da alma limitada significa a possibilidade de nos tornarmos o único filho de Deus. Tornar-se Deus, ou seja, viver neste mundo desde a eternidade. Isto chama-se "satori" ou "iluminação" no Budismo. Isto tem que ocorrer nesta vida. Muitos perguntam, "existe a reencarnação ou não?", ou, "você acredita na reencarnação?". A resposta é "sim e não". De uma certa maneira sim, mas quando há a experiência de nirvana, de silêncio, a experiência do deserto, instala-se a dimensão do eterno e absoluto, então não há mais reencarnação.

Jesus Cristo ou esse marido que furou os olhos escolheram este mundo, voltaram para cá, descendo. Em lugar de dizer, "venham até aqui em cima", o que seria difícil para as pessoas, Deus disse, "eu vou", é muito fácil. Deus faz isto quando você está preparado para tal. O que é necessário para a preparação? Apenas que você entre no silêncio, que abandone a si próprio. É necessário abandonar o ego.

Abandonar corpo e mente é a experiência fundamental de mestre Dogen. Mestre Eckart também fala, "é preciso abandonar". Abandonar é difícil por quê? Porque há compreensão errada, distorcida. E com isto se sofre. Mestre Eckart diz que abandonar a si próprio não ê sofrimento, é o caminho mais rápido para encontrar com Deus, e então a palavra secreta revela-se.

Na verdade, a realidade última deste mundo não está nada escondida. Por isso se diz aqui que Makakasho não escondeu nada. Essa verdade está presente dentro de nós. O paraíso não se dá após a morte, está aqui. Vocês não vêem porque sua visão está contaminada com a idéia de ego, vocês praticam a consciência kármica. É preciso sair disto, arrancando este "olho-de-ego" e colocando o "olho-de-Buda".

Os budistas falam que existem cinco tipos de olhos: olho físico, olho de Darma, olho de sabedoria, olho de Buda e olho de ser. Temos apenas um olho, o físico, e este está contaminado. O que está vendo, será que está vendo verdadeiramente? Está vendo apenas a projeção de sua mente, de sua consciência e de seu inconsciente também. Você vê o que quer. Você não vê o que existe e vê o que não existe, e assim, segue projetando suas consciências. Isso é o que chamamos de karma. Você não consegue ver de nenhuma outra maneira, isto é o karma. Praticando o silêncio, pratica-se a purificação. O silêncio é escuridão, noite. Como o místico espanhol São João da Cruz, na subida do monte Carmelo, fala na noite da consciência, na noite das idéias, na noite da vontade, na noite das lembranças, na noite do espírito, noite da alma, etc., e com isto, subindo montanhas em processo de meditação, passa pelo processo de purificação e chega ao topo da montanha.

Na verdade, o topo da montanha está aí, embaixo dos seus pés. Nunca esteve escondido. Nosso problema não é que Deus tenha escondido algo, você é que tem a culpa por sua consciência contaminada que dá nascimento e suporte ao ego.

Quando se vivencia a consciência de ego, sente-se, "eu estou aqui e você está ai. Surge imediatamente a dualidade a multiplicidade e a corporalidade. E a questão do físico. Estou tomando este espaço com este corpo, este espaço você não pode tomar, de jeito nenhum. Isso é bom, mas ao mesmo tempo é um limite. Então chega o momento de transcender a corporalidade, a temporariedade e a multiplicidade. Nesse momento ocorrem o deserto, a morte, a unidade - o uno.

O rei Salomão encontrou aquela lendária flor, o lírio. Ele tinha enormes riquezas, mas foi justamente dentro de uma flor que encontrou mais riquezas do que todas as suas riquezas reunidas. Por quê? Deus estava ali presente. Deus é um, além dele nada há. Se você entende isto, mesmo dentro de um mosquito você encontrará Deus, e este mosquito, o pernilongo, se tornará, então, mais sublime do que quaisquer dos anjos mais elevados.

Nada está escondido, apenas não vemos. Conta-se que um monge estava passando pela frente de um açougue e escutou o diálogo do freguês com o açougueiro. O freguês perguntou, nesta carne é fresca? O açougueiro respondeu, "na minha loja nada há que não seja fresco, de boa qualidade". Quando o monge escutou, "na minha loja é tudo bom, toda a carne é boa", nesse instante atingiu a iluminação.

Neste mundo é tudo bom. Nada tem defeito. Por que então tantas dificuldades, tantos problemas entre nós? Porque a mente cria problemas, oculta a verdade. Cria o bem, o bom, o mau. Na verdade não existe o bem e o mal, isto é apenas uma dualidade, uma discriminação. É preciso penetrar a não-discriminação. Tudo está em seu lugar no mundo do Darma, do absoluto. Nada falta. Nós, no entanto, fazemos a discriminação, "isso é bom, isso é ruim" Cada um constrói seu próprio sofrimento ao fazer essa discriminação. Você mesmo sofre com isso. Neste mundo está tudo perfeito, o problema é você mesmo. Aqui e agora você pode encontrar o absoluto, o eterno. Está tudo perfeito, nada há para se queixar.

O fato de muitos japoneses terem os olhos puxados conduz muitos a terem complexos. Uma pessoa diz, "eu sou brasileiro, nasci aqui", o outro fala, "eu nasci no Japão, sou japonês, tenho olhos puxados", surge então o complexo, "tenho cabelo preto, liso e por isso quero tingir de outra cor, mas isso me deixa mais feio". Quando você aceita os olhos puxados, com isto pode manifestar a glória de Deus! As coisas todas são diferentes umas das outras, as plantas são diferentes entre si, essas diferenças revelam a glória de Deus.

Uns são baixinhos, outros feios, uns ricos, outros pobre, ou aleijados, mancos; isso não importa, cada um revela a glória de Deus. Em um determinado momento, repentinamente tudo muda. Tudo se revela, nada permanece escondido. Então o mestre chamou, "ministro!", e este imediatamente respondeu, "sim, mestre!" O que está acontecendo aqui? Nós temos tudo.

Há um outro episódio em que um ministro visitou um outro mestre. O mestre estava assando batata-doce nas brasas e assoprava continuamente para avivar o fogo. O ministro chamou, "mestre, mestre!" O mestre, ocupado com o fogo e a batata-doce, e com o nariz que pingava sem parar, não atendeu imediatamente. O ministro zangou-se e, virando-se começou a sair. O mestre então chamou, "ministro!". Este imediatamente parou e voltou-se. Então o mestre concluiu, "porque você respeita os ouvidos e não respeita os olhos?". O ministro ouviu e, sentindo a força da lição, inclinou-se ao mestre. "O que é o caminho?", perguntou então. O mestre respondeu, "está vendo? Nuvens estão no céu e algo está dentro da garrafa".

O segredo não tem nenhum segredo. Um monge Zen procura seu mestre e pede-lhe, "por favor, ensine-me o segredo do Budismo". O mestre responde, "sim, se você quiser; quando todos houverem saído, ninguém mais estiver aqui, procure-me aqui e eu lhe ensinarei". O monge responde, "ah, sim", e mais tarde volta e sussurra, "mestre, agora não há mais ninguém aqui, por favor, ensine-me o segredo!" O mestre então leva o discípulo ao jardim e diz, "está vendo? Esta árvore é muito alta e essa outra é muito baixa, entendeu?". "Árvores altas e árvores baixas", com isso ele mostra tudo! Num canteiro, plantando sementes de ameixeiras, cerejeiras, crisântemos ou o que seja, ele lida com estas variedades de plantas. Plantando bambú, é bambú que crescerá, ninguém tem o poder de trocar isso. É isso ai — nós é que complicamos a nós mesmos querendo classificar as coisas e mudar tudo.

Eu estava falando sobre os vários tipos de sermões: o sermão da luz radiante, o sermão da atividade com o corpo e ações..., mas há outro sermão, o sermão de "um tom" ou "uma voz". Quando Buda falava, todos entendiam de acordo com seu estado de consciência e compreensão. Estas histórias podemos também encontrar dentro da Bíblia. Quando Jesus Cristo apareceu e recebeu o Espírito Santo, havia muitas pessoas provenientes de países de línguas diferentes, mas, ainda assim, quando falou com o Espírito Santo, todos entenderam. Lembram dessa passagem? Como pode ocorrer isso? Um tom, um som, uma voz. Até pedras entendem, até paredes e portas escutam, porque é o Darma. Isto é a "palavra secreta". Quando você vai purificando sua mente e torna-se residente do deserto, alguém passa a falar-lhe internamente. Quem é este alguém? É vocé mesmo!

O primeiro capítulo do Evangelho de São João diz: "no princípio era o Verbo". "No princípio" significa o quê? Princípio do tempo? Não! "No princípio significa "origem", o período antes de Deus haver criado este mundo. Jesus Cristo estava à direita de Deus Pai, ele estava vendo o Pai criar o mundo. Ele mesmo estava lá. Daisetz Suzuki certa vez dirigiu-se a vários pensadores cristãos, dizendo: "Tenho uma pergunta para vocês, cristãos: quando Deus estava criando o mundo, quem estava vendo isso?" Ninguém respondeu e então ele mesmo ofereceu a resposta: "eu".

Sempre é importante esta atitude, "eu, agora, aqui". Deus criou este mundo — criou é passado, mas está ainda criando agora, neste exato momento.

Estamos constantemente criando o mundo a cada instante. E esta mesa, existe ou não? Não existe? E o que estamos vendo? Se voltarmos aqui amanhã e a encontrarmos? E se morrermos nesse espaço de tempo? Alguém vai vê-la. Mas, ainda assim, esta mesa está sendo criada por nós, agora, a cada momento, a cada instante. Fitando o espelho, vemos nosso envelhecimento. Alguns ficam tristes por ficarem velhos. Não precisam ficar tristes, não. Mestre Eckart diz, "dez anos antes nosso rosto era liso e bonito; agora, dez anos se passaram e apareceram muitas rugas, e surge então a tristeza". Não é preciso olhar assim, essa não é a realidade! Hoje estamos encontrando um novo rosto e fitando-o como da primeira vez, é uma e experiência totalmente nova. Amanhã será também um novo rosto e assim por diante! A cada vez fitamos uma forma totalmente original, a cada vez nos defrontamos com o absoluto! Criamos constantemente o mundo, neste exato momento fazemos isso. Tudo vai mudando sempre, isto é criar.

"Um tom", Sermão de "um tom". O que é este "um tom"? Mestre Eckart diz, "escutei a palavra do Pai e vou falar para vocês", EIe mesmo tem que se tornar a palavra e a palavra mesma tem que falar! Não é a boca que fala a palavra, a palavra se fala. A palavra secreta, a palavra de Deus, ela mesma fala a palavra — aí está a diferença. O sermão geralmente apresenta muitas histórias, ensinamentos — a boca está falando. Às vezes eu minto, apenas falo o que aprendi, mas o importante aqui é tornar-me as palavras. Isto significa que aquilo que estava oculto aparece, mostra-se, revela-se. Esta é a função das palavras.

Então em "Gotheit", origem de Deus, o Pai está lá, escondido. Quem vê Deus tem que morrer. O Pai entrou no Filho, veio a este mundo, apareceu com corpo físico, nós pudemos ver. Se o único Filho de Deus nasce dentro de sua alma, você escuta a palavra secreta e torna-se o Filho de Deus. Escutando a palavra, você recebe todas as potencialidades, todas as forças. Você pode falar a palavra, pois não mais será a boca apenas que fala, você mesmo é a palavra e fala. Nesse momento você vive este mundo realmente, isso é a realização de si próprio.

Há um capítulo do Shobogenzo que diz assim, "você sabe pintar a primavera? Então pinte!" Como é isso? Pintou. "Deixe-me ver... Ah, isto não é primavera, é flor de cerejeira..." — no Japão as cerejeiras florescem na primavera. "Isto não é primavera não, isto é flor de primavera, isto é flor de cerejeira, por favor, pinte a primavera!" Como pode a primavera ser pintada? Nova tentativa. "Isto é flor de ameixeira, não é primavera." Como podemos pintá-la?

Entendeu? Estamos vivendo este mundo, vivendo condenados à morte, mas muitos vivem como uma fumaça, como uma faísca, como espuma ou como uma sombra, não estão vivendo não. Para viver realmente, tem que ser capaz de pintar a primavera, e não cerejeiras ou ameixeiras. E preciso pintar a primavera mesmo. Como? O mestre toma então o pincel, "ah, já pintei a primavera". "Como? O que é isto? Isto é a primavera? Isto é flor de cerejeira, isto é flor de ameixeira!?" "Sim, quando a primavera está presente, a flor de ameixeira abre, a flor de cerejeira desabrocha, então, dentro da flor de ameixeira e de cerejeira está presente a primavera!" Dentro de você, de seu corpo, sejam altos ou magros, baixos, gordos, inteligentes, ignorantes, aí está a primavera, a presença de Deus, de Buda. Fora daí não existem nem a primavera, nem Deus, nem Buda — nada encontrará. Vazio apenas, vasto nada.

Quando Madalena visitou o corpo sem vida de Cristo, encontrou dois anjos. "O que está procurando?", perguntaram eles. "Se você está procurando aquele Jesus Cristo que morreu, não vai encontrar." Mestre Eckart interpreta essa passagem assim: "Deus não é encontrado em nenhum lugar; para a parte mais elevada da alma, Deus não está em lugar algum, mas para a parte inferior da alma, Deus está presente em todos os lugares." Então, em sua própria vida, você, encontrando-se consigo mesmo, pode manifestar a glória de Deus, revelar o que é Deus. Com dificuldade, com sofrimento, com defeitos. É com isso mesmo que você pode mostrar.

Muitas pessoas estão constantemente vivendo com a mente no futuro ou no passado. Jovens dizem, "ah, sou muito pobre, preciso estudar, é importante que eu me forme como engenheiro, como médico, como advogado, etc., só assim vou ganhar dinheiro e estarei realizado...". Isto é ainda o futuro, ainda não chegou. Os velhos dizem, "ah, eu já fiz muito nessa vida, sou muito importante, tenho cargos importantes". Isso tudo é passado.

E como estão agora todos, velhos e moços, no exato momento presente, neste exato instante? Como estão todos, fora do referencial do tempo passado e do tempo futuro, fora da temporariedade, como estão frente à eternidade? Nada podem mostrar, não estão realizados, vivem confusões apenas! Plenitude é preencher tudo aqui e agora. Com isso se chega ao estado. Isso depende da mente. A mente é que faz o sofrimento, a alegria, a felicidade.




Web hosting by Somee.com