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INTRODUÇÃO A NATUREZA DA MENTE

texto compilado por Karma Tenpa Dharguye

INTRODUÇÃO À NATUREZA DA MENTE

As instruções orais desenvolvidas pelo precioso Mestre do DharmaChetsangpa Ratna Sri Budhi
Extrato do livro: "La simplicité de la Grande Perfection" de James Low [págs. 99-129]
Tradução p/Português, K. Tenpa Dhargye


Enquanto tivermos as liberdades e as oportunidades de uma preciosa existência humana que é tão difícil de obter, é importante conseguir o resultado permanente da budeidade. Para tanto, é necessário praticar o santo é precioso Dharma. Dizemos que os métodos da prática da Via do santo Dharma estão bem além da compreensão, mas para nós, grandes meditantes, as explicações e os comentários internos dos tantras não são tão importantes. Temos necessidade de uma instrução oral de nosso santo e realizado mestre, pela qual possamos compreender que a essência da mente é a raiz do samsara e do nirvana. Se isso ficar verdadeiramente esclarecido, então todas as doutrinas expressas pelo Budha, sutras e tantras, e as doutrinas e os tratados de instruções cruciais dos grandes discípulos estarão totalmente presentes em nossa própria mente. Quando se produz isso, acontece o que chamamos "saber uma coisa, liberar todas as coisas". Se a essência da mente não for compreendida, ainda que conheçamos numerosos Dharmas - tal conhecimento será vasto, mas seu centro é vazio - saberemos muito, mas não poderemos realizar uma única coisa. Por esta razão, somente a compreensão da essência da mente é necessária.Se perguntarmos como a mente deve ser compreendida, bem, é graças a um conhecimento claro dos três aspectos que são a Base [gZhi], a Via [Lam] e o Fruto ['Bras-Bu].

1. A BASE

Consideremos de início a condição natural da Base. A condição natural de nossa própria mente é primordial, não bloqueada, e surge sem esforço. Ela não é produzida pela meditação dos budhas e não é afetada pela ignorância dos seres sensíveis. A natureza original da mente não depende de causas e condições. Ela é vazia, sem substância própria inerente, e é livre da elaboração conceitual. No início a mente em-si é sem origem, também é vazia. No meio, é sem morada, também vazia. No final, não tem destino, e também é vazia. A essência da mente não pode ser agarrada como isto ou aquilo (objeto), é mesmo vazia. Pois não tem forma nem cor, é vazia. Esta vacuidade, porém não é o nada, porque a claridade natural da mente é pura e permeia todas as coisas.

A mente em si-mesma é a criadora do samsara e do nirvana. Imutável, ela aparece sem esforço. Todas as coisas podem aparecer, mas não têm nenhuma substância própria inerente. A mente é profunda, precisa, e além de qualquer medida. Ela pode parecer existir, mas na verdade, é vazia de entidade própria e de sinais. Ela pode parecer existir, entretanto mostra numerosas formas ilusórias. A natureza original da mente está além do pensamento e não se torna um objeto do pensamento. É impossível dizer com que ela se parece. Ela está além do pensamento, e é inexprimível. Não é manchada por nenhuma falta ou boa qualidade, quaisquer que sejam. A natureza original da mente não é obscurecida por nenhuma das boas ou más condições cármicas. Não se suja com nenhuma impureza da crença em símbolos. Os nomes de todos os fenômenos do samsara e do nirvana lhe não podem ser aplicados.A natureza original da mente é livre de qualquer limitação dualista tal como permanente e impermanente, esperança e dúvida, refrear e encorajar, aceitar e rejeitar, bom e mau, grande e pequeno, alto e baixo, preso e livre, alegre e triste, etc.A natureza original da mente não foi feita por ninguém. Não podemos lhe atribuir nenhum tamanho ou dimensão. É livre de toda parcialidade. Ela está além do fato de alguma coisa ser designada por: "é isso". Sempre foi perfeitamente pura e permanece na grande equanimidade diante de tudo que existe no samsara e no nirvana. Para aqueles que realizam isso, ela é o fundamento ou a Base [gZhi] da budeidade. Para aqueles que não realizam, ela é a base dos seres sensíveis. É por isso que a chamamos a Base de Tudo (Kun-gZhi].

2. A VIA

No que se refere ao Caminho, a prática consiste em compreender o engano a fim de que a confusão seja liberada. Primeiramente, no que se refere ao modo de extravio, resumidamente, a condição natural da mente permanece enquanto essência, natureza e energia. Sua essência é vazia e livre de elaboração conceitual. Sua natureza é claridade surgindo sem esforço. Sua energia aparece sem cessar enquanto diversidade.Após tempos sem início, a mente em-si mesma permanece enquanto presença desses três modos [sKu-gsum] perfeitamente puros, ela é eventualmente obscurecida por impurezas adventícias das três formas de ignorância. Portanto, não a reconhecemos como nossa natureza própria.

a) A via da confusão.

Primeiramente, existe a ignorância co-emergente, devido a ela nosso reconhecimento inato da condição natural da mente enquanto três modos (corpos) não se produziu. Por isso, existe a ignorância, as trevas, o obscurecimento, o tatear às cegas, e a profunda ausência de visão. As boas qualidades dos corpos e do reino de Budha não são conhecidas. E as faltas grosseiras do carma e das emoções perturbadoras dos seres sensíveis não são ainda conhecidas. Assim, encontramo-nos com um conhecimento muito fraco e duvidoso - isso é a ignorância co-emergente.Depois, pelo fato do aparecimento dos hábitos sutis do apego à esta ignorância aparecida precedentemente, e por causa da influência enganosa dos objetos dos seis sentidos, a consciência enganosamente parece ser interna, e tomamos as condições e os eventos por reais. Em seguida, considerando os objetos como bons ou maus, aceitamos ou rejeitamos. Os objetos parecem então reais e encontramo-nos com os três venenos que são a ignorância, a aversão e o apego. Depois, diante de tudo o que surge como aparência para os seis sentidos, se nos parece bom, nasce o desejo. Se não parece bom, temos aversão. E se não os consideramos nem bons nem maus, há a ignorância embotada da ausência de pensamento. Desse modo há o desejo e a aversão, aceitação e rejeição, encorajamento e inibição. Isso é chamado de ignorância de imputação total (de uma realidade fictícia).Deste modo, à partir da raiz da ignorância, as seis aflições (kleshas), aparecem sem controle e errantes, percorremos os seis reinos e experimentamos os tormentos de cada um deles. Isso é chamado "a ignorância da incompreensão das causas e dos seus efeitos".Assim, pode ser descrita a maneira segunda a qual as três formas de ignorância amadurecem para produzir o samsara.

b) A Via da liberação.

Após tempos sem começo, a Base é pura enquanto essência, natureza e energia, os três modos surgem sem esforço. Portanto, compreendendo sua própria natureza, a claridade do auto-conhecimento aparece como o sol dissipando a obscuridade da ignorância co-emergente. Ao reconhecer a manifestação variada e incessante da energia inata da consciência desperta, a aparência que vem dela mesma libera-se em si-mesma, e isso dissipa a ignorância da imputação total. Como a ignorância da imputação total foi purificada, a raiz da força da vida das más ações foi cortada, e a ignorância da incompreensão das causas e de seus efeitos é purificada por si-mesma.Por outro lado, aqueles que compreendem seu próprio engano são chamados "budhas" e aqueles que não compreendem seu próprio engano são chamados "seres sensíveis". Mas isso não é mais que termos convencionais porque não há a mais ínfima diferença entre a condição natural de um Budha e a de um ser sensível. Eles não se distinguem senão pelo fato de compreender ou não compreender isso. No centro do samsara e do nirvana, há somente a letra ??(quer dizer a vacuidade-luminosidade) - essa é realmente a verdade.

A proteção da presença da auto-compreensão de nosso próprio engano compreende três aspectos: a Visão, a Meditação e a Ação.

A Visão: a Visão significa uma confiança clara e determinada em nosso reconhecimento presente da condição natural despida dos obscurecimentos da ignorância. Trata-se dos três corpos surgindo sem esforço.

A Meditação: o fato de manter esta Visão é chamado Meditação. A isto está ligado o ensinamento dos métodos para manter a mente estável. Para começar, parar as atividades de nosso corpo, palavra e de nossa mente. Rezar para nosso mestre, que tem todas as qualidades necessárias. Fundir nossa mente com a sua e, nesse estado, não perseguir idéias passadas. Não antecipar as idéias futuras. Conservar nossa consciência desperta atual despida de qualquer artifício, deixando-a esgotar-se facilmente à sua vontade. Não a modifiquemos com bons pensamentos. Não a misturemos aos maus pensamentos. Qualquer que seja a maneira como se apresente, não a modifiquemos de nenhuma maneira.Guardemos a mente clara, alegre, nua, luminosa, aberta, tranqüila e relaxada. Conservemos a essência enquanto alegria vazia, a natureza enquanto alegria clara, e a energia sem entraves. Sem nenhum objeto de meditação designado, permaneçamos sem vacilar nem que seja por um instante.Se os pensamentos surgem desse estado, esses pensamentos são sem fundamento ou raiz, também olhemos claramente a essência do que aparece. Sem aceitação nem rejeição, permaneçamos relaxados e abertos. Uma prática muito intensiva criará o problema de numerosos pensamentos sobrecarregados e excitados, então permaneçamos relaxados e livres. Se ficarmos muito relaxados, isso causará problemas de torpor e de sentir-nos pesados, então permaneçamos alertas, no estado de consciência desperta. Permanecendo assim, a verdadeira natureza de nossa própria consciência desperta é claridade vazia despida de substância. Sem agarrar, ela é livre. Sem desejos ardentes ela é alegra. Sem pensamentos ela é completamente natural. Sem interior nem interior, ela é direta. Ela não é tocada por nenhum erro ou nenhuma boa ou má ação. Ela não é bloqueada nem liberada. Ela é nua, calma, sem mácula, não obscurecida. Ela não é construída nem alterada por coisa alguma.Quando aparece uma realização clara e direta desta realidade primordial sem artifícios e sem esforço, então tudo o que possa aparecer desse estado, quer seja felicidade, clareza e ausência de pensamentos, torpor ou excitação com pensamentos bons e maus, ou pensamentos de aflições, ou pensamentos de apego que surgem diante das aparências e os sons que são produzidos, por causa dos objetos dos seis sentidos - tudo que possa surgir, tomamos como objeto de meditação. Sem aceitar ou rejeitar, inibir ou encorajar de alguma maneira, permaneçamos claros e relaxados quaisquer que sejam as aparências, ou os pensamentos que apareçam. Desta maneira, os pensamentos não têm necessidade de serem rejeitados. A mente em si-mesma não é somente vacuidade porque sua claridade inata aparece naturalmente enquanto Sambhogakaya ou modo radiante. Em todo o momento, quer seja comendo, dormindo, andando, ou sentados, devemos manter sem vacilar o estado de não-meditação.Se constatarmos que perdemos o reconhecimento de nossa claridade natural, então como expliquei mais atrás, ficaremos cegos pela ignorância. Pouco importa quanto de virtude acumulemos com nosso corpo e nossa palavra, assim afetados, isso não sairá do campo da ignorância co-emergente. Porque isto é assim? A essência da ignorância é indecisão, esquecimento, obscurecimento, opacidade, torpor, inconsciência, não-reconhecimento, desatenção e preguiça. A essência da consciência desperta é a consciência espontânea de nosso próprio engano, também ele é claridade e vacuidade. Ela é nua, solitária, única, pura, sua natureza transcende a conceituação. Assim permaneçamos com muita exatidão na consciência desperta, sem outra coisa a fazer.

A Ação: A qualquer momento e em todas as situações, não permitamos à consciência desperta ficar submetida ao poder das boas ou das más condições. Exteriormente, não nos liguemos às atividades mundanas. Interiormente coloquemos um fim na nossa atividade do Dharma. Não façamos nenhuma prática do Dharma, qualquer que seja. Tornemo-nos completamente familiares com a única prática que consiste em fazer de nossa própria consciência desperta a essência de todos os Budhas dos três tempos.

3. O resultado (Fruto)

Uma vez terminada esta prática da nossa própria consciência desperta, esta fica presente sem esforço nem atividade intelectual. Assim, os três modos (corpos) da consciência desperta são realizados em seu próprio âmbito e obtemos o resultado que é classicamente chamado de budeidade.E ainda, a essência da consciência desperta é o modo natural inato (vacuidade). A natureza da consciência desperta é a claridade inata do modo radiante. A energia da consciência desperta é o modo da manifestação toda penetrante. Na natureza original, os três modos são inseparáveis enquanto único ponto da realidade. Portanto, indiferenciado do modo natural Samantabhadra, nossa consciência desperta, vai diretamente para Akanishta onde obteremos definitivamente a budeidade enquanto samyak-sambudha.

Por favor, guardem isso na mente.

O RESULTADO DOS TRÊS MODOS
(CORPOS RESULTANTES)


Rinpoche diz também:

O ponto essencial que nós, praticantes do Dharma, devemos conhecer, é o surgimento sem esforço dos três modos, pela Base, Via e Resultado (Fruto).E mais, a base possuindo as duas purezas é chamada o modo natural. O que significa isso?

Pureza natural: Desde tempos sem início, a base é naturalmente pura. Sua essência é vazia, desprovida de substancia própria. Ela é despida de qualquer interpretação. Ela não é um objeto para a consciência comum e transcende causas e condições. Ela está além do pensamento e da expressão. Ela é vacuidade, campo de percepção da consciência desperta. Após tempos sem início, ela é naturalmente e perfeitamente pura.

Pureza inalterável: As impurezas das três formas adventícias da ignorância são eliminadas pelos três modos da consciência desperta revelando a claridade vazia da consciência desperta livre de obstruções. Nossa própria claridade é crua, firme, nua, única, ilimitada e solitária. Esta pureza inata existe sem entraves, sem exterior nem interior. É o que chamamos o modo natural dotado das duas purezas.

A Via é o modo radiante dotado das cinco certezas. Como a claridade do modo natural de nossa própria consciência desperta, sua própria natureza, o modo radiante reside na presença das cinco certezas. Isso se aplica onde nos situamos na Via dos procedimentos de desenvolvimento ou de perfeição. Seu lugar correto é a dimensão natural livre de toda interpretação. Os ensinamentos corretos são as expressões pacífica e irada da claridade inata da consciência desperta. O círculo correto (sangha) são os Bodhisatvas em união, a manifestação espontânea incessante da consciência desperta. O Dharma correto é o reconhecimento da sua própria natureza através de sua manifestação espontânea. O tempo correto é a manutenção da imutabilidade sem esforço. É isso que chamamos as cinco certezas do modo radiante. O Resultado é o modo de manifestação dotado das cinco incertezas. Uma vez realizadas a compreensão do modo natural inato e o fluxo poderoso do modo radical incessante, as formas de energia variadas surgem de si-mesmas e se liberam em si-mesmas. Graças a isso, o modo de manifestação que daí resulta age pelo bem dos seres sensíveis através da cinco incertezas. Assim, a incerteza do lugar é a capacidade, nos seis reinos, de entregar-se em qualquer lugar onde seja necessário, para o bem estar daqueles que estão presos. A incerteza da forma é a capacidade de manifestar-se não importa em qual forma apropriada para ensinar os seres. A incerteza do círculo é a capacidade de estar disponível para qualquer ser que tiver necessidade, quer seja elevado ou não, bom ou mau. A incerteza do Dharma é a capacidade de ensinar os diferentes veículos segundo as aptidões dos diferentes indivíduos. A incerteza do tempo é a capacidade de aparecer qualquer que seja o tempo - passado, presente ou futuro - quando os discípulos estão prontos.

E mais, o modo de manifestação tem duas formas, o modo de manifestação supremo e o modo de manifestação variado. O modo de manifestação supremo compreende dois aspectos, o modo de manifestação descendente da compaixão e o modo de manifestação ascendente para os veículos. No que se refere ao modo de manifestação descendente da compaixão, é a partir do modo natural dotado das duas purezas que aparece a força inata do modo radiante dotado das cinco certezas. Pois, é disso que as manifestações especiais se produzem. Quanto ao modo de manifestação ascendente para os veículos, ele toma a forma de yoguis no caminho, praticando a via a fim de agir para o bem dos seres sensíveis.

O modo de manifestação variado compreende dois aspectos, um manifestando a forma dos seres dos seis reinos e o outro não manifestando-se em tais formas. O primeiro toma uma forma que pertence aos seis reinos e age segundo os costumes locais. Assim, ensina realizando tudo o que é necessário a esses seres. Ao assumir esse tipo de forma, ou uma forma que é a sua antítese1, ele manifesta-se para trabalhar para o bem dos seres. O modo de manifestação que não tem forma de um ser dos seis reinos manifesta-se como terra, água, fogo, vento ou espaço, ou como barcos, pontes, pinturas ou estátuas que aparecem espontaneamente. Ele toma a forma de templos, stupas, de refúgios, etc., e age assim para o bem de todos os seres sensíveis.Isso conclui a breve explicação sobre a modalidade da realização do triplo resultado: a Base, modo natural dotado de duas purezas; a Via, o modo radiante, dotado das cinco certezas; e o Fruto, modo de manifestação, dotado das cinco incertezas.

Por favor, guardem isso em suas mentes.

Nota: 1. Por exemplo, aparecer como um homem honesto em terras de ladrões.

APONTANDO O BASTÃO PARA O VELHO HOMEM

Quando o grande mestre Padmasambhava estava no Eremitério da Grande Rocha, em Samye, Sherab Gyalpo de Ngog, um homem inculto de 61 anos que tinha a mais alta fé e grande devoção pelo mestre, serviu-o por um ano. Enquanto isso, Ngog não pediu qualquer ensinamento, nem o mestre lhe deu qualquer um. Quando, depois de um ano, o mestre decidiu partir, Ngog ofereceu-lhe um prato de mandala, sobre o qual colocou uma flor de uma onça de ouro. Então ele disse: Grande mestre, pense em mim com bondade. Em primeiro lugar, eu sou inculto. Em segundo, minha inteligência é pequena. Em terceiro, estou velho, então meus elementos estão fatigados. Peço que você dê um ensinamento a um velho homem à beira da morte, que seja simples de entender, que possa cortar totalmente a dúvida, que seja fácil de realizar e de aplicar, que tenha uma visão efetiva, e que me ajude em vidas futuras.O mestre apontou seu bastão de andarilho para o coração do velho homem e deu esta instrução: Ouça aqui, velho homem! Olhe para a mente desperta de sua própria consciência! Ela não tem forma nem cor, nem centro nem borda. Primeiro, ela não tem origem, mas sim é vazia. Depois, ela não tem lugar de permanência, mas sim é vazia. No fim, ela não tem destinação, mas sim é vazia. Esta vacuidade não é feita de qualquer coisa, e é clara e cognitiva. Quando vir isto e a reconhecer, você conhecerá seu rosto natural. Você entenderá a natureza das coisas. Você verá então a natureza da mente, determinará o estado básico da realidade e cortará completamente as dúvidas sobre tópicos do conhecimento.

Esta mente desperta da consciência não é feita de qualquer substância material, é auto-existente e inerente a você mesmo. Esta é a natureza da mente que não é fácil de realizar porque não é encontrada em qualquer lugar. Esta é a natureza da mente que não é constituída por um observador concreto e por algo percebido sobre o qual se fixar. Ela desafia as limitações da permanência e da aniquilação. Nela não há qualquer coisa a despertar; o estado desperto da iluminação é a sua própria consciência, que é naturalmente desperta. Nela não há qualquer coisa que vá para os infernos; a consciência é naturalmente pura. Nela não há qualquer prática a ser conduzida; sua natureza é naturalmente cognitiva. Esta é a grande visão do estado natural presente em você mesmo: saiba que isto não é encontrado em qualquer lugar.Quando você entender a visão deste modo e quiser aplicá-la na sua experiência, onde quer que você esteja será o retiro na montanha de seu corpo. Qualquer aparência externa que você perceber será uma aparência naturalmente ocorrente e uma vacuidade naturalmente vazia; deixe-a ser, livre de construções mentais. As aparências naturalmente livres se tornarão suas ajudantes e você poderá praticar enquanto toma as aparências como caminho.

No interior, o que quer que se mova em sua mente, o que quer que você pense, não tem essência, mas sim é vazio. As ocorrências de pensamento serão naturalmente liberadas. Quando lembrar da essência de sua mente, você poderá tomar os pensamentos como caminho e a prática será fácil.

Como conselho mais interior: não importa que tipo de emoção perturbadora você sinta, olhe para a percepção e ela cessará sem deixar rastros. A emoção perturbadora é assim naturalmente liberada. Isto é simples de praticar.Quando você puder praticar deste modo, seu treino de meditação não será confinado a sessões. Conhecendo que tudo é um ajudante, sua experiência de meditação será imutável, a natureza inata será incessante e sua conduta será inabalável. Onde quer que permaneça, você nunca está separado da natureza inata. Uma vez que você tenha realizado isto, seu corpo material poderá ser velho, mas a mente desperta não envelhecerá. Ela não conhece qualquer diferença entre jovem e velho. A natureza inata está além da inclinação e da parcialidade. Quando você reconhecer que a consciência, o despertar inato está presente em você mesmo, não haverá diferenças entre faculdades aguçadas ou fracas. Quando você entender que a natureza inata, livre da inclinação ou parcialidade, está presente em você mesmo, não haverá diferença ente um aprendizado grande ou pequeno. Mesmo que o seu corpo, o suporte da mente, caia, o Dharmakaya da sabedoria da consciência será incessante. Quando você obtiver estabilidade neste estado imutável, não haverá diferença entre um tempo de vida longo ou curto.Velho homem pratique o verdadeiro significado! Leve a prática ao coração! Não permita a fala inútil e tagarelice sem objetivo! Não se envolva em metas comuns! Não se perturbe com a preocupação de ter prole! Não almeje excessivamente comida e bebida. Pretenda morrer como um homem comum! Sua vida está correndo, então seja diligente! Pratique esta instrução para um velho homem à beira da morte!

Por ter apontado o bastão para o coração de Sherab Gyalpo, isto é chamado "A Instrução do Apontar o Bastão para o Velho Homem". Sherab Gyalpo de Ngog foi liberado e atingiu realização.

Isto foi anotado pela princesa de Kharchen [Yeshe Tsogyal] para o bem das futuras gerações. É conhecido pelo nome "A Instrução do Apontar o Bastão".

(Originalmente publicado em Advice From The Lotus Born, Rangjung Yeshe Publications)





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