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INTRODUÇÃO A NATUREZA DA MENTE texto compilado por Karma Tenpa Dharguye
A PRÁTICA PRINCIPAL A apresentação à natureza da mente. LongchenpaDo livro: "La liberté naturelle de l'esprit" [Págs.288-293] Todos os fenômenos do mundo aparente, do samsara e do nirvana são o prodígio mágico de rigpa, semelhantes à um sonho da noite passada.O estado natural de rigpa, a essência vazia, é o Corpo absoluto; sua natureza é o Corpo de felicidade e seu modo de emergência, que aparece sob variadas formas ao sabor das circunstancias, é o Corpo de manifestação.Então, esta emergência mesma, enquanto que processo comum da consciência no presente, é a intenção dos Budhas, a imensidão espacial livre de todos os limites.Apresentado e traduzido do Tibetano por Philippe Cornu Tradução p/português: Karma Tenpa Dhargye O mestre diz então: A sabedoria de rigpa, vazia e luminosa, tem por modo de emergência manifestações de todas as espécies ao sabor das circunstâncias;Seu modo de ser não sendo de nenhum modo real,surge de si-mesmo e se libera em sua natureza,Como a água e as vagas do oceano.Os pensamentos discursivos são desde sempre o brilho luminoso do Corpo absoluto.Não há nada a meditar fora do espaço absoluto.Alguns querem rejeitar os pensamentos para meditar sem discursividade,Mas liberar as aparências como inimigas é cair na ilusão!O que quer que surja, fiquemos sem apego ou rejeição;A extensão da existência fenomenal é o terreno do veículo de Samantabhadra,Além de toda consideração de meditação e de não-meditação.Um tal caminho supremo é particularmente eminente! Permanecer equilibrado na consciência do presente, considerando fixamente o frescor de tudo que surge, sem fabricar artifícios corretores e corruptores.Deixemo-nos ir completamente satisfeitos na distensão, nos relaxando; reconhecendo o que surge, permaneçamos frescamente na claridade. Nos abandonando no curso natural sem nos agarrar, deixemo-nos ir espontaneamente sem apegos.Reconhecendo todos os pensamentos discursivos nascentes, a visão os libera nessa condição. A meditação consiste, neste estado, em permanecer lucidamente na felicidade, na claridade e na ausência de discursividade. Nesse momento, o que emerge sem que haja aí apego ao exterior nem ao interior é ação.Quanto à liberação conforme o modo espontâneo e sem objetivos, é o fruto. Na realidade absoluta incriada Emerge rigpa do grande curso natural; A liberdade natural é um estado de claridade sem apego, A base liberadora de Samantabhadra. Na natureza da mente, livre desde sempre, É inútil "liberar" desde o começo; Deixemos pois ir no frescor espontâneo da consciência comum... Rigpa, vazio e luminoso, que libera espontaneamente, É a grande felicidade do Corpo Triplo [Trikaya], o campo puro dos Budhas; A Base de todas as coisas é o estado do Corpo absoluto Onde os antídotos corretores não são nem bons nem maus, No espelho da mente (onde se refletem) felicidade e sofrimento, O yogui praticará no dinamismo de rigpa. Tal é o cume de todos os veículos, A Via suprema da essência Adamantina, Diz o mestre, para precisar. Extirpando desse modo toda discursividade no momento mesmo de seu surgimento, permanecemos na unidade. Então, a essência de rigpa, a Sabedoria sem elaborações, vazia e luminosa, surge das profundezas e nos libera espontaneamente da mente do desejo.Para os pensamentos discursivos que continuam, ela nos libera da consciência e da não-forma; limpidez e emergência-liberação estão espontaneamente presentes no grande yoga do fluxo ininterrupto. Como preservar (este estado) após as sessões de prática.Bem cedo pela manhã, uniremos a quietude e a visão profunda em um estado límpido como o céu, a Sabedoria sem discursividade nenhuma. Assumiremos os pontos chaves do corpo, e, sem mover os olhos, praticaremos.Pois assim se elevarão os recolhimentos de felicidade, de claridade e de não-discursividade, realizaremos o olho divino e os conhecimentos supra-normais (siddhis) [parapsicológicos]. De manhã, sem diferençar as projeções do estado de repouso, exerceremos o dinamismo de rigpa à auto-liberação instantânea, e nossa realização da visão profunda auto-liberadora irá aumentando. Ao meio-dia, treinamos sem opiniões a percepção pura de todos os fenômenos e a devoção, meditamos incansavelmente sobre o mestre, com um respeito e uma devoção extraordinários.Em um estado de irrealidade, obteremos então prontamente as realizações supremas e comuns.À tarde pensaremos nos males do samsara, os benefícios da liberação, nos convenceremos dos resultados do carma, da dificuldade de obter uma vida preciosa e plena de dons, da impermanência da vida, e aprenderemos assim a abreviar os projetos de nossa mente.Nossa mente não abraçará mais as aparências desta vida e, para a vida seguinte, acumularemos quantidade de méritos nos aplicando com disciplina em realizar o Dharma. À noite, chegaremos a igualdade na felicidade, a claridade e a ausência total de discursividade, no estado onde, havendo cortado as percepções na mente, a variedade será semelhante aos sonhos. Os obstáculos se acalmam imediatamente e realizamos então a essência que destrói a ilusão ligada à realidade substancial. À meia-noite, no momento de adormecer no estado não-nascido da natureza de nossa mente, praticaremos no sono sem emitir nem reabsorver pensamentos discursivos, nossos sonhos surgirão como a grande felicidade luminosa. Realizaremos então a mente de Sabedoria onde dia e noite são indissociáveis. Quando permanecermos assim com diligência noite e dia, (pode ser que) estagnemos, que nos extraviemos ou nos dispersemos. Ainda que tenhamos meditado muito, estagnamos se nenhum progresso surge. Quando a emergência-liberação estagna, o poder da visão profunda é fraco e ficamos como uma flâmula que flutua ao vento, incapaz de voltar a imobilidade nem por um instante.Treinemo-nos pois na auto-liberação das projeções, e a Sabedoria da visão profunda emergirá subitamente em nossa mente.Quando estagnam a quietude e a visão profunda, (límpidas e sem discursividade nenhuma), nosso desenvolvimento fica fraco. Então, quando o céu está sem nuvens, voltaremos o rosto para ele e fixaremos intensamente nosso olhar no céu. A mente permanecerá sem projetar pensamentos, a Sabedoria sem elaborações, vazia e luminosa, emergirá das profundezas.De outro modo, quando estagnar a quietude, meditemos por meio da visão profunda para destruir (este estado).Se nossa visão profunda não avança, permaneçamos na quietude sem nenhum pensamento discursivo. É extremamente profundo! A base dos desvios é o mesmo que errar na via da confusão. Tendo em primeiro lugar meditado, e se, mesmo um pouco de qualidades apareçam, nos incharmos de orgulho e de vaidade, e se nos apegarmos a essas qualidades sonhadoramente, devemos meditar firmemente sobre a impermanência.Se nos apegarmos aos altos e baixos da experiência, meditemos a fim de eliminar todo o apego.Se não tivermos nem amor nem compaixão, contemplemos os seres dos seis reinos como nossos pais e nossas mães. Se nosso rigpa não tiver nenhum poder sobre as circunstâncias, meditemos afim de integrar as aparências circunstanciais. Esses meios estão entre os mais profundos. Agora, a dispersão: se a liberação sobre o surgimento[emergência] se dispersa em discursividade, não estabilizaremos nossa mente para o interior. Meditemos então sobre a quietude.Se nossa claridade se dispersa no apego ao prazer, nossa realização não se desenvolverá. Treinemo-nos pois sem apego na emergência-liberação das projeções dos pensamentos discursivos variados.Por outro lado, quando nasce uma experiência de vazio, tudo nos parece vazio e o demônio que aniquila as distinções entra em nós. Esforcemo-nos então de meditar firmemente sobre a compaixão.Se quando nasce uma experiência de compaixão, nos apegarmos aos caracteres próprios aos seis reinos samsáricos, o demônio da visão falsa onde a vacuidade parece fora de propósito faz sua entrada. É então muito importante que reconheçamos que todas coisas são sem nascimento. Em resumo, qualquer que seja nossa meditação, nascerão experiências. Se surgir (o demônio) que aniquila o interesse pelos outros, mantenhamos os métodos que se opõem a esse obstáculo.Isso é extremamente profundo. Se formos diligentes desse modo dia e noite, dia após dia aparecerão novas e numerosas qualidades eminentes. Mesclando intimamente vacuidade e compaixão, não nos restará mesmo uma ponta de cabelo de apego à realidade dos fenômenos quaisquer que eles sejam, e liberaremos o sujeito e o objeto samsáricos além do sofrimento (nirvana).Nesta vida mesma, atingiremos o nível de realização da Grande Perfeição da realidade absoluta. |