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MEDITAÇÃO DO ATI-YOGA
A LIBERDADE NATURAL DA MENTE

Longchenpa
Apresentado e traduzido do tibetano por Philippe Cornu
Tradução para o português: Karma Tempa Dhargy


Apesar desta característica abrupta e despida que faz pensar nas escolas do C’han chinês, o semde ensina um método de meditação progressiva, que faz uma ligação entre os métodos de quietude [samatha] e de visão profunda [vipassana] do budismo clássico e os métodos puramente dzogchen, onde quietude e visão profunda não estão separadas. Este método é o das quatro meditações, ainda chamado os quatro Yogas. Nas práticas toma-se a postura sentada de pernas cruzadas, dita de Vairochana em sete pontos, e progride assim:

  1. A meditação do estado de calma equivale ao shamata (a quietude) clássica. Para descobrir o estado calmo da mente, o yogui fixa sua mente sobre um objeto tal como uma letra A  branca. Esta fixação deve ser alternadamente penetrante depois relaxada, mas jamais deve ser tensa e crispada. Pouco a pouco se instala uma calma mental com poucos pensamentos, mais e mais relaxada.
  2. A meditação da imobilidade equivale à visão profunda clássica (vipassana). O estado de calma é sulcado de pensamentos. Estes são o aspecto do movimento da mente. O importante aqui é integrar esse movimento natural ao estado de calma, e não de repeli-lo. A imobilidade significa, pois constatar o movimento sem evitá-lo nem agarrá-lo, afim de que se integre à calma sem se tornar um objeto de distração e de perturbação.
  3. A meditação da igualdade é uma etapa de progresso em relação às duas primeiras meditações: calma e movimento se igualam na não-dualidade. É sua simultaneidade que permite passar à ausência de dualidade, além da aceitação e da rejeição sem fabricações. A calma pode dar lugar a experiências de não-discursividade ou ausência de pensamentos que correspondem ao aspecto vazio da mente. O movimento é capaz de produzir experiências de claridade. O corpo está sujeito a experiências de felicidade. Toda experiência percebida, se não a perseguirmos, integra-se na igualdade.
  4. A meditação da presença espontânea está além de toda prática. Quando se desenvolve o estado de igualdade, ele se torna pouco a pouco natural e sem esforço, embora não dependa mais de técnicas nem de posturas. Nesse estágio, não há mais diferença entre meditação e períodos pós-meditativos, e a prática continua na vida quotidiana, o yogui permanece em rigpa sem distração.

Essas quatro meditações estão próximas da prática dos quatro Yogas do Mahamudra da Escola Kagyupa: Yoga unifocada onde fixamos um objeto, Yoga sem elaborações onde a mente não conceitualiza mais, Yoga do único sabor onde aparências e mente tem o mesmo sabor, e Yoga da não-meditação onde entramos na atividade sem distração.

Existe um conjunto de outras práticas expostas na "A Trilogia da liberdade natural" e anexadas ao semde. Todas precedidas de um Guru-yoga, a "União com o mestre", uma prática capital no dzogchen, pois ela está diretamente ligada à transmissão da mente de sabedoria do mestre.




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