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A PRÁTICA PRINCIPAL A apresentação à natureza da mente Longchenpa Extrato do livro: "La liberté naturelle de l’esprit" Apresentado e traduzido do Tibetano por Philippe Cornu Tradução p/português: Karma Tenpa Dhargye Esses pensamentos discursivos variados que surgem, de repente de onde vêm eles? Depois onde eles permanecem? Enfim eles tem um destino? Tem eles alguma forma ou uma cor? Onde residem eles? No exterior, no interior ou entre os dois? Por este exame reflexivo, realizarei certamente isso que é a essência da natureza da mente despida de toda origem nos três tempos, a Sabedoria nua, vazia e luminosa que transcende todas as identificações.
A prática principal: a apresentação da mente Nosso corpo na postura dos sete pontos, fixemos intensamente o que aparece aos nossos olhos e permaneçamos imóveis. (O mestre diz então): Kye! Escute, filho de nobre família! O mestre Padmasambava disse: A consciência fresca no presente Sejam quais forem os pensamentos que surjam, relaxemos no frescor nos apoiando sobre esta consciência do presente, atentos aos movimentos dos pensamentos sem ir ao encontro das recordações nem dos pensamentos futuros; permanecemos assim no curso natural da grande presença espontânea. Como movimento e liberação são simultâneos, a via da visão profunda que libera o que surge é a grande distensão. Após, emergirá da meditação da sabedoria, despida do "eu" e do "sujeito-objeto", e se acompanhando da experiência de claridade, de felicidade e de não-discursividade. Trata-se aí da meditação da grande luminosidade que se estabelece em si mesma. Se, como anteriormente, se produziu um novo movimento, relaxemos sem a intenção de ai nos apegar; pois que nós estabelecemos como precedentemente pela meditação que é o estado límpido da grande presença espontânea, as experiências de felicidade, claridade e não-discursividade, assim as realizações precitadas, nascerão em nossas mentes. Para resumir tudo isso, com a apresentação das percepções como sendo a mente, da natureza da mente como sendo vazia e do vazio como sendo a liberação do que surge, nossa visão tem o poder sobre a duração. (vir-a-ser) Com a apresentação da realidade absoluta como sendo o estado de claridade, o estado claro sendo a felicidade-claridade, e da felicidade-claridade como sendo vazia, nossa meditação adquire o poder sobre a distração. Com a apresentação da mente que percebe como sendo uma ilusão, da ilusão como sendo apego e da ausência de apego como sendo a distensão completa, nossa ação tem poder sobre as circunstâncias. Com a apresentação de nossa própria mente como sendo o Budha, do Budha como aparecendo espontaneamente e da espontaneidade como sendo a liberação sobre a emergência (o que surge), nossa fruição põe fim aos desvios. Muito brevemente, de qualquer maneira que apareçam os objetos, a mente não se apega mais. Onde se situa o lugar de emergência, nossa consciência do presente permanecerá sem nada fabricar nem utilizar nenhum antídoto, e tudo o que aparece se tornará a abundância da realidade absoluta.
O ENSINAMENTO DOS MEIOS PARA PRESERVAR OS EFEITOS DAS PRÁTICAS APÓS As sessões. a. A apresentação da mente e das aparências como sendo um sonho.
A apresentação da mente e das aparências como sendo um sonho. Assim, as formas, os sons, os odores, os sabores e a textura dos objetos que são percebidos externamente, e toda a variedade dos conceitos da mente aos quais nos agarramos interiormente, são semelhantes às aparências "exteriores" e a consciência "interior" percebida sob formas variadas no meio de um sonho da noite passada. Quando realizamos isso, não há mais diferença, sabemos que tudo o que aparece é irreal e, em um estado onde não há mais nenhum agarrar, nos entregamos a nossas ocupações tais como caminhar, etc. Nos comportando assim, todos os fenômenos se resolvem na essência semelhante aos sonhos, e, pois como não há mais apegos, ao que quer que seja, a luminosidade não-dual se elevará. Portanto não haverá doravante mais apegos ao que aparece enquanto objetos, no meio da consciência clara nasce uma luminosidade natural. Reconhece-la nos fará ganhar a liberação no bardo (da existência).
A apresentação dos sonhos como sendo a luminosidade. No limite entre o sono e os sonhos, a consciência clara é não-discursiva e, exteriormente, os pensamentos conceituais grosseiros relativos aos objetos dos seis sentidos cessam. Interiormente, a entrada (do prana no canal central) é semelhante a cair no sono, e, justo antes que surjam os pensamentos sutis, emerge a luminosidade natural. Havendo reconhecido esta luminosidade, meditemos sem distração. Quando tenhamos desse modo meditado durante uns quinze dias, logo em seguida seus pesadelos se transformarão em bons sonhos. Em seguida, tendo completamente dominado os sonhos, teremos a capacidade de os intensificar e de produzir emanações fantasmagóricas. Finalmente, elas se extinguirão no espaço absoluto e integraremos a luminosidade sem mais sonhar. Se atingirmos esse objetivo, chegaremos a visualizar ao nível do coração uma pequena esfera pentacolorida que resplandece uma luminosidade natural como o faz um arco íris. Assim, o dia e a noite se unificaram na Roda da luminosidade, os melhores praticantes se liberam nesta vida mesma e os médios, reconhecendo a luminosidade no bardo, serão Budhas perfeitamente manifestados.
A apresentação da luminosidade durante o bardo. Quando do bardo da existência no momento da morte, a via consiste na imutabilidade da vacuidade-claridade: a meditação é um estado límpido e luminoso; a ação é a distensão das seis esferas dos sentidos; e o fruto é a realização sem apego da liberdade natural. Porque, assim, nós estaremos familiarizados com a luminosidade natural, reuniremos as luminosidades (mãe e filha) no curso do bardo do momento da morte, onde a reconheceremos durante o bardo da realidade absoluta, e, sem ver o bardo da existência, nós seremos Budha. |