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A prática da pura percepção
Do livro "O despertar do coração budista"
de Lama Surya Das


Uma das práticas regulares do budismo tibetano é chamada de "dak-nag", a prática da pura percepção ou da perspectiva sagrada. Nessa prática, concentramos a nossa energia, procurando ver este mundo como um perfeito Campo de Buda - um esfera semelhante ao paraíso - em que todos os seres são Budhas. Trata-se de uma prática maravilhosa que devemos ter em mente sempre que nos dermos conta de que estamos apreciando ou detestando intensamente uma experiência, um evento, um sentimento ou uma pessoa.Podemos examinar isso de uma forma mais abrangente no contexto mais amplo do que os budistas tibetanos chamam de os ensinamentos da Grande Perfeição ou Dzogchen. Essa é a revelação suprema através da qual reconhecemos que tudo que se manifesta interna e externamente é o processo grandioso do que chamamos de "Dharmakaya", ou dimensão absoluta - a radiância da verdade absoluta ou realidade desnuda, despojada de ilusões e imputações conceituais.

O que queremos dizer com "Dharmakaya" é que a natureza de Buda, ou luminosidade primordial, se manifesta e se expressa através de cada elemento do nosso mundo e da nossa existência.Em resumo, tudo é "Dharmakaya" - tudo, inclusive nossas emoções, sejam elas saudáveis ou não saudáveis, positivas ou negativas, construtivas ou destrutivas. As coisas de que gostamos ou não gostamos, inclusive as sensações físicas como a dor ou o prazer, são parte do abençoado e radiante "Dharmakaya" ou natureza de Budha em ação.

E isso significa que todos os seres são Budhas nesse Campo de Budha. A terra é o altar, e somos as divindades que se sentam, se erguem e caminham sobre o altar. Tudo é sagrado; todos são santos; tudo é perfeitamente radiante e imaculado na luz semelhante à visão do Buda da Grande Perfeição natural. Essa é a perspectiva do "dak-nag", a prática da pura percepção. [...]



A PRÁTICA DA PURA PERCEPÇÃO PERSPECTIVA SAGRADA UMA MEDITAÇÃO


Vamos colocar em prática nosso ideal de ver, reconhecer e apreciar a luz em todas as pessoas e em todas as coisas, de maneira que tudo que vivenciarmos se torne uma parte integrante da nossa percepção espiritual - uma parte fundamental do nosso coração desperto e iluminado.

Olhe ao redor da sala.
Veja-a a partir de uma perspectiva totalmente nova.
Experimente o que você está sentindo de uma nova maneira.
Abra-se para a energia luminosa olhando a reluzente e transparente
insubstâncialidade de todas as formas e percepções.
Inspire a luz junto com o ar,
Visualize a luz entrando como um rio, junto com
sua inspiração, e jorrando para fora junto com sua expiração.
Inspire e expire a luz,
Deixando que ela o encha,
Esvazie, limpe e purifique...
Visualize o lugar no qual você está coberto e rodeado de luz,
aureolado como em uma obra de arte sagrada.
Visualize as pessoas à sua volta repletas, de luz
Cercadas de luz, emanando alegria e satisfação, como os sábios
ou santos em um quadro religioso.
[ Isso pode parecer inventado, mas garanto que se trata simplesmente de um reflexo da realidade
que momentaneamente é por demais sutil para ser percebido pela maioria de nós.]

Continue a inspirar e a expirar a luz clara,
como uma roda ou círculo contínuo de luminosidade
que gira para dentro e para fora, dia e noite.
Reconheça os outros como Budhas, deuses e ou deusas vivos -
esplêndidos e divinos por direito próprio, à sua própria maneira, na sua própria luz.
Por que ser detido pela mera aparência da forma
ou manifestação particular que eles assumem?
Por que ser detido pela interação ilusória que a forma
e a personalidade deles têm com a nossa?
Bem no fundo somos todos Budhas por natureza,
seres perfeitamente puros e completos de pura luz e energia.
Respeite a iluminada natureza de Budha deles,
a divindade inata deles.
Veja-os a partir de uma nova perspectiva,
além das distinções, preferências e preconceitos pessoais.
Inspire e expire a luz, dentro e fora enchendo e esvaziando
nosso nobre coração que é pura luz,
iluminando a si mesmo, iluminando os outros, iluminando o mundo:
Descanse nessa gloriosa esfera interior de esplendor espiritual,
vendo todas as coisas sob uma perspectiva totalmente nova.

Leve agora essa visão sagrada até as pessoas que não estão presentes.
Visualize nessa nova perspectiva seus pais, parceiros, colegas, filhos e vizinhos.
Dê-lhes um abraço com luz. Levemos isso para fora, para o mundo.
Continue a inspirar e expirar a luz, para a frente e para trás,
fazendo a energia cósmica circular através de todo o seu sistema.
Ao deixar o local, olhe com carinho para o primeiro
ser que cruzar seu caminho - seja ele o ser humano,
um animal ou um inseto alado.
Inale a luz e a seguir exale-a na direção deles,
Abraçando-os na luz radiante da pura perfeição, da visão clara.
Fique atento para qualquer coisa que possa aparecer e
impedir que você veja esse seres espirituais semelhantes ao Budha.
Veja através desse obscurecimento momentâneo que encobre
o esplendor interno deles e impede que você aprecie
a verdade mais profunda e o ser abençoado deles.

Leve para casa com você essa nova maneira de ver as coisas, e coloque-a no seio da sua família, no seu lugar de trabalho, no seu transporte cotidiano. Continue a respirar a luz. Inale-a e se renove. Exale-a e abrace as outras pessoas. Envolva seus empregados ou seu chefe nessa luz, e observe o que sente. Veja como ela muda seu relacionamento com os outros, mesmo que eles não saibam o que você está fazendo. Como isso é diferente da maneira como geralmente vemos as coisas e as pessoas!

É assim que cultivamos as puras percepções e alcançamos um ponto de vista que abraça tudo e todo mundo - do sublime ao mundano, do alegre ao triste - no vasto mandala do coração-mente desperto. É maravilhoso! É surpreendente!



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